Contra decisão judicial, crianças vão à Parada Gay em MS
- Celso Bejarano
- Direto Campo Grande
Embora proibido por portaria judicial, crianças e adolescentes compareceram a 8ª Parada Gay que ocorreu nesta sexta-feira, em Campo Grande (MS). Segundo a Polícia Militar, 5 mil pessoas apoiaram a passeata promovida na região central da cidade pela Associação das Travestis e Transexuais de Mato Grosso do Sul (ATTMS). A expectiva dos organizadores era de que o evento atraísse cerca de 50 mil participantes.
A portaria dizia que os pais de adolescentes com até 16 anos poderiam ser multados em até 20 salários mínimos e exigia que a determinação fossefiscalizada por representantes do Ministério Publico, Conselho Tutelar e pela polícia.
No anúncio da proibição, na quinta-feira, a ATTMS divulgou uma nota condenando a decisão, mas aconselhou as famílias a não levarem crianças e adolescentes para a marcha.
A empregada doméstica Jandira Santos, 45 anos, que vive com a companheira, a assistente de educação Dalva Siqueira, 50 anos, ignorou a portaria e participou da Parada Gay ao lado do filho adotivo Wagner, 10 anos. "Acho que a Justiça tem de se preocupar com as crianças que consomem drogas. Meu filho sabe e entende minha relação com Dalva", disse ela. Segundo Jandira, ela espera uma decisão judicial para assumir de vez a guarda do menino.
Emanuele Becker, 20 anos, Lucas na carteira de identidade, transformista, miss Gay Mato Grosso do Sul, também criticou a portaria. "Já basta a gente ter de se esconder dentro de casa todos os dias", afirmou.
O asfalto ao redor da praça Ary Coelho, de onde saiu a passeata, amanheceu pichado com frases de apelo religioso. "O Pecado não te ama, Jesus te ama e Buscai ao Senhor Enquanto se Pode Achar", diziam as mensagens. A ATTMS informou que vai mover uma ação no Ministério Público contra os pichadores que ainda não foram identificados. Durante o evento, a entidade denunciou que, neste ano, dez homossexuais foram assassinados em Mato Grosso do Sul, uma média de um a cada mês.