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Battisti ameaça se matar em caso de extradição, diz irmão

18 nov 2009 - 19h20
(atualizado em 19/11/2009 às 07h27)
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Leandro Demori
Direto de Roma

O irmão de Cesare Battisti, Domenico Battisti, afirmou nesta quarta-feira que o ex-ativista italiano tem intenções de se matar no Brasil caso sua extradição seja consumada pela Justiça e pelo governo brasileiros. Na entrevista, concedida à Corriere TV (web TV do jornal Corriere della Sera), Domenico Battisti disse que a promessa do irmão foi feita há poucos dias, na última vez em que ambos conversaram. "Meu irmão, se for extraditado, voltará para a Itália morto. Morre ali, morre no Brasil, tira a própria vida", disse Domenico, segundo ele, repetindo as palavras de Battisti.

Cesare Battisti recebe a visita de parlamentares na penitenciária da Papuda, em Brasília
Cesare Battisti recebe a visita de parlamentares na penitenciária da Papuda, em Brasília
Foto: José Cruz / Agência Brasil

Battisti, ex-ativista do grupo Proletários Armados pelo Comunismo (PAC), foi condenado à prisão perpétua na Itália em 1983 por supostamente ter coordenado o assassinato de quatro pessoas entre 1977 e 1979. Ele foi preso em março de 2007 no Rio de Janeiro e o governo italiano pediu sua extradição em maio do mesmo ano. Sob o argumento de "fundado temor de perseguição", o ministro da Justiça, Tarso Genro, concedeu status de refugiado político ao italiano em janeiro. O Comitê Nacional para os Refugiados (Conare) havia dado parecer contrário ao refúgio.

O irmão do fugitivo que a Itália considera "terrorista", culpado por quatro homicídios comuns, e não políticos, e condenado à prisão perpétua, disse ainda que Battisti esperava ter sido acolhido seu pedido de refúgio no Brasil, diferentemente do que decidiu o Supremo Tribunal Federal na tarde desta quarta-feira. Com voto de desempate do ministro Gilmar Mendes, o STF votou pela extradição por cinco votos contra quatro. Agora, o Supremo decide se a palavra final cabe, ou não, ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Para dizer a verdade, ele (Cesare Battisti) não esperava essa decisão", disse Domenico. "De qualquer forma, se os italianos estão contentes assim, então estão contentes agora".

Indagado sobre as mortes que o irmão teria cometido, planejado ou sido cúmplice, Domenico afirmou que considera Battisti um perseguido. "Meu irmão é inocente, sobre isso não há dúvida", disse. "Na nossa família não pode haver um assassino." Para ele, há uma clara perseguição ao irmão, pois somente Cesare Battisti foi condenado pelos homicídios cometidos pelo grupo Proletários Armados pelo Comunismo (PAC) - todos de cunho "político", como sustenta sua defesa no Brasil.

Domenico Battisti não precisou a data da última conversa que teve com o irmão, mas ressaltou a fragilidade do momento, sobretudo em relação a uma possível tentativa de suicídio. "Estou preocupado."

Fonte: Especial para Terra
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