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Lula: EUA e China querem criar G2 com interesses específicos

14 nov 2009 - 15h32
(atualizado em 15/11/2009 às 12h23)
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Mário Camera
Direto de Paris

O presidente Luís Inácio Lula da Silva acusou os Estados Unidos e a China de tentarem criar "um G2 com interesses específicos para resolver os problemas políticos e climáticos dos dois países, sem se importar com a responsabilidade que têm com a conjunto da humanidade". As críticas de Lula aos dois maiores poluidores do mundo foram feitas em entrevista ao lado do presidente francês Nicolas Sarkozy, com quem se encontrou neste sábado, em Paris, para assinar uma posição comum sobre mudança climática, que chamou de "acordo histórico" para tentar conter o aquecimento global.

"Nós não temos o direito de permitir que o presidente Obama e o presidente Hu Jintao façam acordos com base apenas nas duas realidades políticas e econômicas de seus países", afirmou Lula. Sarkozy também exigiu "mais responsabilidade" dos EUA para adotar metas de redução de gases de efeito estufa.

O presidente brasileiro quer uma posição clara de EUA e China em relação às propostas que serão debatidas durante a Conferência do Clima de Copenhague, que acontece em dezembro e deve definir as políticas a serem adotadas para tentar frear o aquecimento global. Entre essas propostas, está a posição comum apresentada por Brasil e França.

A "bíblia climática", segundo Lula, é um documento que reúne alguns dos pontos que há meses estão sendo discutidos e que poderiam causar um impasse nas negociações em Copenhague. Além de apoiarem o limite de 2°C para o aumento do aquecimento global e uma uma redução de 50% das emissões de gases de efeito estufa até 2050, em relação as taxas registradas em 1990, os dois países também querem a criação de uma organização mundial do meio ambiente.

O presidente Lula garantiu que telefonará para o presidente americano Barack Obama na segunda-feira, para tentar convencê-loa apoiar a proposta franco-brasileira. Sarkozy afirmou que irá "dar a volta ao mundo" atrás do apoio dos países da África e de parte da Ásia, e não discartou a possibilidade de ir ao Brasil para tentar convecer também os latino-americanos.

O presidente francês disse ainda que não aceitará um engajamento parcial de outros países sobre as propostas que serão apresentadas durante a Cúpula de Copenhague. Sarkozy também elogiou o plano anunciado pelo governo brasileiro para reduzir de 36,1% a 38,9% as emissões de gases causadores do efeito estufa até 2020, em relação às emissões registradas em 1990. Os detalhes do plano foram apresentados durante a entrevista coletiva, pela ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, que acompanhou Lula em Paris.

Após o encontro com o presidente Nicolas Sarkozy, o presidente Lula seguiu para Roma, onde participará da Cúpula Mundial sobre Segurança Alimentar da Agencia das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), que começa na próxima segunda-feira.

Lula criticou China e EUA ao lado de Sarkozy, na manhã deste sábado, na França
Lula criticou China e EUA ao lado de Sarkozy, na manhã deste sábado, na França
Foto: Ricardo Stuckert/PR / Divulgação
Fonte: Especial para Terra
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