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Cesare Battisti entrou em "greve total" de fome, diz senador

13 nov 2009 - 21h50
(atualizado às 23h02)
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O ex-ativista italiano Cesare Battisti, que aguarda o Supremo Tribunal Federal (STF) julgar o pedido de extradição apresentado pelo governo da Itália, iniciou uma "greve total" de fome nesta sexta-feira, informou à agência Ansa o senador José Nery (Psol-PA). O parlamentar se encontrou com o italiano no presídio de Papuda, em Brasília.

Battisti agurda decisão do STF sobre a manutenção do status de refugiado político
Battisti agurda decisão do STF sobre a manutenção do status de refugiado político
Foto: AFP

Battisti, ex-ativista do grupo Proletários Armados pelo Comunismo (PAC), foi condenado à prisão perpétua na Itália em 1983 por supostamente ter coordenado o assassinato de quatro pessoas entre 1977 e 1979. Ele foi preso em março de 2007 no Rio de Janeiro e o governo italiano pediu sua extradição em maio do mesmo ano. Sob o argumento de "fundado temor de perseguição", o ministro da Justiça, Tarso Genro, concedeu status de refugiado político ao italiano em janeiro. O Comitê Nacional para os Refugiados (Conare) havia dado parecer contrário ao refúgio.

O pedido italiano é agora analisado pelo STF. A primeira sessão do caso na Corte, realizada no dia 9 de setembro, terminou com um placar favorável à deportação, que obteve apoio de quatro dos ministros. Os outros três que se pronunciaram votaram por sua permanência no Brasil.

Ontem, o ministro Marco Aurélio Mello empatou o placar ratificando seu apoio ao refúgio. O presidente do Supremo, Gilmar Mendes, que dará o voto de desempate, suspendeu a sessão antes de se pronunciar.

Também esteve presente no encontro a militante Rosa de Fonseca, do movimento Crítica Radical, liderado pela ex-prefeita de Fortaleza Maria Luiza Fontenele, que apoia o ex-membro do PAC.

Segundo fontes que estiveram com Battisti hoje no presídio da Papuda, em Brasília, o ex-militante de esquerda está abatido. Na ocasião, vestia uma camiseta, bermudas e calçava chilenas.

Segundo o senador Nery, a intenção do encontro era entregar o texto ao secretário-geral da Presidência, Luiz Dulci, para que ele o levasse a Lula, antes do presidente iniciar uma viagem internacional. A agenda do mandatário previa sua partida à França para as 22h, horário de Brasília. Depois, ele é esperado na Itália.

"Sempre lutei pela vida, mas se é para morrer, eu estou pronto, mas, nunca pela mão dos meus carrascos. Aqui neste País, no Brasil, continuarei minha luta até o fim, e, embora cansado, jamais vou desistir de lutar pela verdade", diz Battisti em um trecho da carta.

No decorrer do texto, ele afirma ainda que "é surpreendente e absurdo, que a Itália tenha me condenado por ativismo político e no Brasil uns poucos teimam em me extraditar com base em envolvimento em crime comum" e agradece a concessão de refúgio dada pelo governo brasileiro. "Entrego minha vida nas mãos de Vossa Excelência e do Povo Brasileiro", conclui o italiano na carta datada de hoje.

Na última semana, em entrevista à Ansa, Battisti disse acreditar que o presidente ratificará o seu refúgio caso o STF acate o pedido do governo italiano e ordene a sua extradição. "Eu não perdi a confiança no presidente Lula", disse.

Fontes do escritório do advogado Luís Roberto Barroso, que defende Battisti, afirmaram não terem ciência do caso e contaram que o defensor "esteve ontem com Battisti e essa informação não era conhecida".

Fonte: Terra
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