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Lula pede reforma da ONU ao receber prêmio em Londres

5 nov 2009 - 20h32
(atualizado às 21h55)
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Luís Bulcão
Direto de Londres

No salão histórico da Chatham House, localizada na Whitehall, o centro político de Londres, Luiz Inácio Lula da Silva recebeu nesta quinta-feira o prêmio de estadista do ano concedido pela instituição. O presidente escutou elogios à sua atuação no combate à pobreza, ao seu apoio à democracia, a sua contribuição para a estabilidade política na América Latina, à atuação brasileira no Haiti e à estabilidade da economia nacional. Lula agradeceu à homenagem e defendeu em seu discurso a maior ambição do Brasil perante a comunidade internacional: um acento permanente no Conselho de Segurança da ONU.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebe o prêmio de estadista do ano, em Londres
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebe o prêmio de estadista do ano, em Londres
Foto: Ricardo Stuckert/PR / Divulgação

Na Chatham House, Lula, fugindo às suas características de improviso, leu, palavra por palavra, o texto no qual afirmou que as organizações internacionais não foram capazes de entender e reagir às crises globais e precisam ser reformadas. "As instituições multilaterais surgidas após a Segunda Guerra Mundial envelheceram. Começam a ser renovadas, mas com excessiva lentidão. Elas fracassaram por não haver previsto e prevenido a grave crise que se abateu sobre a humanidade", disse.

Ele foi direto ao apontar o enfraquecimento político daquele que deveria ser o maior órgão para diálogo e entendimento entre as nações. "O mundo multilateral e multipolar com o qual sonhamos exigirá uma profunda reforma de suas instituições políticas, especialmente das Nações Unidas".

Não fugindo à tonalidade de audacioso posicionamento econômico adotado em sua visita ao Reino Unido, o presidente também criticou a atuação do FMI e do Banco Mundial. "O rigor com que o FMI e o Banco Mundial exerceram sobre países pobres e em desenvolvimento no passado deferiu bastante da complacência que tiveram em relação à tragédia anunciada que veio a afetar os países ricos".

Lula também disse ser necessária a conclusão da Rodada de Doha para acabar com paraísos fiscais e com o protecionismo dos países desenvolvidos. Sobre a COP 15, a ser realizada na Dinamarca, Lula reafirmou a meta brasileira de reduzir em 80% as emissões de gás carbônico causadas pelo desmatamento na Amazônia. Segundo ele, os países amazônicos devem definir uma posição comum sobre a mudança climática. "Queremos uma amazônia protegida, mas soberana. Sob o controle dos países que a integram".

O presidente garantiu que as descobertas de reserva de petróleo nas camadas do pré-sal não afetarão o caráter predominante de uso de energias de fontes renováveis, como provenientes de hidrelétricas, e afirmou que a riqueza gerada pelo petróleo será distribuída. "Não sucumbiremos à maldição do petróleo. os grandes recursos provenientes da exploração dessas novas riquezas serão destinados aos brasileiros de amanhã.

Lula também ressaltou os caráteres pacífico, de multiplidade étnico-religiosa e democrático do Brasil. Adotando um tom de liderança em relação à América do Sul, o presidente afirmou que o continente, por seus recursos e reservas naturais, deve exercer grande influência no mundo globalizado.

"Somos uma região de paz, sem armas de destruição em massa, e, sobretudo, nucleares. Temos, pois, autoridade política e moral para propugnar um desarmamento global", afirmou.

Revigorado com os sinais de rápida recuperação da economia brasileira diante da crise mundial, Lula exaltou o Estado de bem estar social em relação à propagação de um Estado não intervencionista. O presidente atrelou a recuperação econômica brasileira a uma forte regularização e controle do governo, que, segundo ele, não deixou predominar "as tendências que pregavam o Estado mínimo. Que consideravam o Estado um estorvo. Que viam a política como o simples jogo de interesses corporativos e não como uma atividade essencial ao ser humano".

Em um pequeno palanque diante do majestoso salão de estilo clássico romano, Lula usou palavras de Carlos Drummond de Andrade para expressar as intenções de representação e liderança cobiçadas pelo Brasil: "temos apenas duas mãos, mas o sentimento do mundo".

Fonte: Especial para Terra
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