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Polícia

Polícia Pacificadora deve ocupar 37 favelas no Rio

5 nov 2009 - 05h06
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A Secretaria Estadual de Segurança está finalizando o esboço do planejamento das próximas comunidades que receberão Unidades de Polícia Pacificadora (UPP), que fazem parte de uma lista à qual o jornal O Dia teve acesso em que constam 37 locais que poderão ser incluídos no programa. Em alguns deles, o trabalho está mais avançado. É o caso da Vila Vintém, em Padre Miguel, onde a quadra da Mocidade Independente dará lugar ao posto da PM e a projetos dos governos estadual e municipal. Em troca, o estado cedeu um terreno de 40 mil m² na avenida Brasil para os ensaios da Verde e Branca no ano que vem.

Agentes do Serviço Reservado da PM, responsáveis pelo mapeamento das comunidades listadas pela Secretaria de Segurança, concluíram o levantamento na Vila Vintém, destrinchando a favela com fotos aéreas, relatórios sobre a facção criminosa que domina a área, número aproximado de traficantes e poder bélico dos criminosos. O estudo cita até as prováveis rotas de fuga dos criminosos durante uma ocupação.

Segundo o presidente da Mocidade, Paulo Viana, o Estado vai usar a quadra da agremiação para revitalizar socialmente a região, construindo uma creche e uma escola de música para crianças. A área hoje ocupada pela Vila Vintém pertencia ao Exército. Os primeiros moradores da comunidade tiveram de pedir permissão à corporação para construir suas casas, de estuque e sapê. Com o tempo, viraram residências de alvenaria. A ascensão do tráfico de drogas fez surgir um novo tipo de construção na favela: barricadas instaladas para evitar a entrada da polícia.

A ideia de incluir a Vila Vintém entre as favelas ocupadas pela polícia de pacificação ganhou força depois de guerra interna da facção, em que 15 pessoas morreram, no início de agosto. O traficante Marcus Vinicius Martins Vidinhas Júnior, o Palhaço, era gerente-geral do tráfico e tentou dar um golpe no sogro, Celso Luiz Rodrigues, o Celsinho da Vila Vintém, preso em Bangu 1. Da cadeia, ele ordenou que as bocas de fumo fossem retomadas: mais confrontos levaram pânico à região e corpos sem cabeça foram deixados nos acessos à comunidade. Segundo o Censo de 2000, mais de 15 mil pessoas moram na favela.

No Morro da Babilônia, no Leme, crianças aprendem xadrez em projeto da UPPUma apreensão da Delegacia de Armas e Explosivos (Drae), em junho, revelou que os criminosos da Vila Vintém estão ampliando seus negócios: uma das bocas de fumo da favela, que antes só vendia maconha e cocaína, obteve um lucro de R$ 32 mil, em cinco dias, apenas com a venda de pedras de crack.

As 37 comunidades da lista de favelas mapeadas são dominadas por traficantes de drogas, mas a Secretaria de Segurança não descarta que territórios controlados por milicianos também sejam retomados. Outras comunidades também já moram mapeadas, como Pavão-Pavãozinho, em Copacabana, e Vila Aliança, em Bangu. Em visita ao Rio semana passada, o ministro da Justiça, Tarso Genro, afirmou que 50 comunidades estarão pacificadas até 2016, ano nas Olimpíadas na cidade. Até o momento, cinco favelas já receberam o novo modelo de policiamento - Dona Marta, em Botafogo; Batan, em Realengo; Cidade de Deus, em Jacarepaguá; e Chapéu Mangueira e Babilônia, no Leme.

O Estado espera a formatura de novos policiais militares para implementar a UPP em outras comunidades. A previsão é de que 1,3 mil recrutas estejam nas ruas entre janeiro e fevereiro do ano que vem.

Na Avenida Brasil, onde será instalada a nova quadra da Mocidade, uma pequena vila olímpica também será construída para lazer dos moradores. O terreno próximo à entrada da Favela do Batan, em Realengo, ganhará duas quadras, pista de skate, campo de futebol e espaço para uma piscina. "Possivelmente, para o Carnaval de 2011, já poderemos estar ensaiando na nova quadra e os moradores também terão uma área de lazer, coisa que hoje não acontece", disse Paulo Viana.

A Mocidade está em busca de patrocinadores e as obras devem ter início até fevereiro. Uma placa verde já anuncia o novo espaço. A Secretaria de Segurança afirmou que, por questões de segurança, não fornece informações sobre novas UPPs.

Xadrez no Leme

Rivais no Morro da Babilônia, só nos jogos de futebol e agora no tabuleiro de xadrez. Há três semanas, um grupo de 50 crianças participa de aulas com um Mestre Fide do jogo, terceira categoria mais alta do xadrez profissional. As crianças se reúnem duas vezes por semana na associação de moradores e aprendem todas as movimentações dos reis, bispos, cavalos e torres.

A iniciativa foi levada por fãs de xadrez que trabalham na Secretaria de Segurança. Ansiosos, os alunos da escolinha, que têm entre 5 e 14 anos, querem logo dar o xeque-mate. Mas, no silêncio das partidas, eles aprendem a ter atenção, reflexão e disciplina. "O xadrez ajuda até no comportamento. Tudo remete à educação e ao respeito", explicou o professor Wagner Guimarães.

Casa de shows para 15 mil em nova sede

A nova quadra da Mocidade vai receber 15 mil pessoas, quase o dobro do público que frequenta o espaço cedido ao governo do estado e que poderá ser aproveitado para a instalação da UPP na Vila Vintém. A escola investirá R$ 6 milhões, valor equivalente à produção de um desfile. Segundo Paulo Viana, o lugar também deve funcionar como casa de shows. Um camarim será construído sob o palco principal, que ficará a três metros de altura do chão. Haverá ainda 60 camarotes, bares espalhados pela quadra e um museu do Carnaval.

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