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Paixão não correspondida faz alemão morar em aeroporto em SP

28 out 2009 - 12h36
(atualizado às 13h25)
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Rose Mary de Souza
Direto de Campinas

O alemão Heinz Müller, 46 anos, mora há 12 dias no Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas (SP). A estada em terras brasileiras se deve a uma paixão não correspondida.

Alemão mora no aeroporto de Viracopos em Campinas, São Paulo
Alemão mora no aeroporto de Viracopos em Campinas, São Paulo
Foto: Rose Mary de Souza / Especial para Terra

O estrangeiro cruzou o Atlântico com a passagem somente de vinda. O destino final era a casa de uma brasileira em Indaiatuba, que ele conheceu quando a mulher esteve na Alemanha no ano passado. Desde que ela retornou ao Brasil, ambos mativeram contato pela internet.

Porém, chegando ao Brasil, Müller não foi bem recebido pela mulher, que o expulsou da casa. Sozinho e sem ter para onde ir, o alemão perambulou pela cidade até ser abordado por uma assistente social. Na condição de estrangeiro, sem nenhum conhecido no Brasil, ele foi encaminhado à Delegacia da Policia Federal em Viracopos, que certificou que seus documentos estavam corretos.

Sem desejo de voltar

"Agora eu quero ficar aqui. Eu gosto daqui: Brasil da alegria. A Alemanha? É frio, é chato", disse misturando expressões em inglês, alemão, espanhol e português e gesticulando muito.

"Quero alugar ou comprar uma casa", diz e acrescenta que quer transferir seus recursos para uma agência bancária no Brasil. Müller recebe uma pensão na Alemanha como piloto de avião aposentado e portador de mal de Parkinson.

O Consulado-Geral da Alemanha, em São Paulo, informa que não pode interceder nas decisões pessoais, já que o interessado está regular no País. A mesma postura é tomada pela Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero), que diz, pela assessoria de imprensa, que Müller não está praticando nenhum ato ilegal para que ocorra alguma intervenção.

A Rotina

Para garantir o mínimo de conforto, Müller aprendeu a "se virar". Para dormir, utiliza os assentos do saguão de embarque e desembarque, para higiene, vai aos sanitários públicos e até toma pequenos banhos.

Seus poucos pertences cabem em um carrinho de bagagem. São duas malas com roupas, uma caixa de papelão com livros, documentos pessoais, retratos de quando atuou como piloto da frota de aviões na Alemanha, uma pasta onde carrega certificados de conclusão em cursos da Universitat Der Bunderweher München e um laptop. O computador não tem conexão com a internet, mas mantêm arquivadas centenas de fotografias, inclusive de três filhos que teve com uma mulher que vive no México.

Sua condição lhe rendeu o apelido de Tom Hanks, em alusão ao filme O Terminal. Na produção, o ator americano vive um europeu que não consegue autorização para ficar nos Estados Unidos, pois seu país enfrenta um golpe político, e também não pode voltar para casa, portanto começa a morar em um aeroporto de Nova York.

Assim como o personagem no cinema, Müller se adapta à rotina do aeroporto. A maior parte do tempo ele é encontrado na sala da Policia Militar. A salinha apertada, aberta 24 horas, é ocupada por equipes que se revezam. Ali ganha café da manhã, almoço e jantar.

R$ 15 no bolso.

"Essa mulher não teve coração e não devia fazer o que fez. Deixar um homem assim perdido pelo mundo", opinou um policial que mantém contato diário com o alemão desde que ele chegou em Viracopos. Segundo o PM, o estrangeiro tem R$ 15 na carteira.

"Ele tem cara de santo, mas deve ter aprontado alguma com a moça", diz uma funcionária do serviço terceirizado da limpeza. Outra funcionária acha que ele merece uma chance. Um policial disse que a presença do alemão no aeroporto despertou curiosidade e certa noite apareceu uma mulher querendo mais noticias. "Era uma senhora muito suspeita, com uma conversa sobre 'ele pode ficar lá em casa', mas ele nem quis saber".

Fonte: Especial para Terra
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