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RJ: professora diz que foi punida por ensinar conteúdo afro

26 out 2009 - 20h50
(atualizado às 21h00)
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Depois de amargar uma suspensão de 45 dias, a professora da rede pública municipal de Macaé, 180 km ao norte do Rio de Janeiro, Maria Cristina Marques acusou os diretores da escola onde trabalha, a Pedro Adami, de perseguição por motivos supostamente religiosos. Ela foi afastada por usar em sala de aula o livro Exu - contos do folclore brasileiro em suas aulas de Língua Portuguesa, ato considerado pela diretoria como doutrinador.

O livro, de Adilson Martins (editora Pallas), tem parecer do MEC e estava disponível na biblioteca da própria escola. Teria sido recomendado à professora por um aluno. Cursando pós-graduação em cultura afro na Faculdade de Macaé, Maria Cristina logo se interessou pela publicação, levando-a às suas aulas de literatura. Apesar da boa aceitação dos alunos, a utilização levou a diretora, Mary Lice da Silva, e o sub-diretor, Sebastião Carlos Menezes, a punirem a professora.

"Fico muito triste por não poder mostrar a cultura afro. Não considero esse livro religioso, pois ele apenas narra contos", justificou neste domingo a professora, que voltou a trabalhar graças a uma determinação da Procuradoria da prefeitura de Macaé.

A Secretaria de Educação do município abriu sindicância contra a diretoria da escola. A Procuradoria, no entanto, está investigando a conduta da professora, o que revoltou membros da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa.

A favor de Maria Cristina estão dois abaixo-assinados (um de professores e outro de alunos do turno da noite), várias fotos e ainda o testemunho de dois funcionários.

"Em um primeiro momento, estamos trabalhando para apurar o fato e encaminhar ao Ministério Público um pedido de retratação com base na lei que diz respeito à discriminação religiosa. Posteriormente, entraremos com uma ação de injúria contra a diretora e o subdiretor, que podem ser condenados de um a dois anos de pisão", explica o advogado da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa, Carlos Nicodemos.

Procurada pelo JB, a diretoria da Escola Municipal Pedro Adami não foi encontrada nos telefones da escola.

Jornal do Brasil Jornal do Brasil
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