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Polícia

Caso AfroReggae: Evando poderia ter sobrevivido, diz laudo

24 out 2009 - 04h19
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Se tivessem socorrido o coordenador de projetos sociais do AfroReggae, Evandro João da Silva, baleado na noite de domingo, no momento em que chegaram ao local do crime - 15 segundos após o disparo - os policiais Denis Leonard Nogueira Bizarro e Marcos de Oliveira Sales poderiam ter evitado a morte da vítima. O laudo do Instituto Médico-Legal (IML) atestou que Evandro morreu entre 5 e 8 minutos depois de ser atingido, de hemorragia interna provocada por um tiro no abdômen.

"O ferimento foi muito grave. Mas se ele tivesse recebido atendimento imediato, poderia ter sobrevivido", explicou o médico legista Roger Ancillotti, ex-diretor do IML. No entanto, o coordenador de percussão do AfroReggae, Anderson Elias dos Santos, afirmou que chegou ao local do crime 50 minutos depois e que sentiu o coração de Evandro bater. "Coloquei a mão nele e senti os batimentos. Falei com o PM, mas ele disse que era uma 'reação normal' do corpo naquela situação", contou ele, em coletiva no QG da PM. A informação pegou o comandante-geral da corporação, coronel Mário Sérgio Duarte, de surpresa.

Mais investigados

"Todas as informações estão sendo investigadas", disse Mário Sérgio, informando que outros policiais que participaram da ocorrência também são investigados. "São policiais de outras duas guarnições", explicou. "A conduta correta dos PMs que passaram por Evandro seria ter tocado e visto o que havia de errado", disse Mário Sérgio. Anderson será chamado para depor.

A juíza Yedda Christina Ching-San Filizzola Assunção, da Auditoria da Justiça Militar do estado, decretou ontem as prisões preventivas dos policiais. Ela afirmou que o capitão Bizarro e o cabo Sales não tomaram as providências legais quando viram Evandro caído na calçada e ainda liberaram os assassinos.

Para ela, as imagens de vídeo mostram indícios veementes de omissão de socorro e liberação dos assassinos que os policiais deveriam ter prendido. Para a magistrada, há indícios de alta periculosidade dos indiciados, "que se mostraram brutais e descompromissados com a vida de outros homens".

Reconvocado a depor após contradições

Quando as imagens do assassinato de Evandro ainda não haviam sido divulgadas, o capitão Denis Leonard alegou, em depoimento na 1ª DP, que não tinha visto o integrante do AfroReggae ferido e que também não tinha abordado os assaltantes. O oficial foi convocado ontem a prestar novas explicações, mas alegou estar sem condições psicológicas e teve o depoimento cancelado. Será remarcado para semana que vem.

"Tudo o que ele falou foi contraditório com as imagens, achei necessário ouvi-lo novamente. Alguns detalhes importantes precisam ser esclarecidos", disse o delegado. Advogado do capitão, José Araujo dos Anjos disse que o policial será levado ao setor psiquiátrico do Hospital Central da PM.

Caçada à dupla de assassinos

Até ontem, o Disque-Denúncia (2253-1177) havia recebido cinco denúncias sobre o paradeiro da dupla de assassinos. Ambos têm estatura mediana, por volta de 1,7 m, e um deles é branco e o outro, negro. Policiais acreditam que os dois sejam moradores do Morro da Providência.

"A prioridade agora é prender os bandidos. Já sabemos que circulam pela região do Centro cometendo assaltos", revelou o delegado da 1ª DP (Praça Mauá), José Luiz Duarte.

Cerca de 10 policiais civis passaram o dia de ontem percorrendo o Centro em busca dos assassinos. Outro grupo trabalha exclusivamente na investigação.

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