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Queria morrer com as obras, diz irmão de Oiticica

17 out 2009 - 09h17
(atualizado às 21h28)
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Encarregado do acervo de Hélio Oiticica desde a sua morte em 1980, o irmão do artista, César Oiticica, responsabilizou-se pelo incêndio que destruiu cerca de 90% das obras do pintor e artista plástico na madrugada deste sábado. Em entrevista, ele disse que "queria ter morrido junto com as obras".

O incêndio destruiu grande parte do acervo do pintor e artista plástico Hélio Oiticica
O incêndio destruiu grande parte do acervo do pintor e artista plástico Hélio Oiticica
Foto: Alessandro Buzas / Futura Press

O incidente iniciou por volta das 22h desta sexta-feira na casa da família de Oiticica, na rua Engenheiro Alfredo Duarte, no Jardim Botânico, na Zona Sul do Rio de Janeiro. Cerca de 20 homens do Corpo de Bombeiros foram acionados para conter as chamas. Ninguém ficou ferido. As causas do incêndio ainda são desconhecidas.

"Queria morrer junto com as obras. Depois da morte do Hélio, na década de 80, eu fiquei responsável pelo acervo. É muito triste, triste mesmo. Não tenho dúvidas, a única vítima desse terrível incêndio foi a Cultura Brasileira", afirmou César Oiticica, 70 anos, responsável pelo Projeto Hélio Oiticica, que agrega pesquisadores e colecionadores em todo o mundo.

Avaliadas em US$ 200 milhões, as obras de um dos mais consagrados artistas brasileiros estavam acondicionadas em um ateliê de reserva técnica, no andar térreo da casa. Entre as cerca de duas mil peças destruídas pelo fogo, estavam fitas de vídeos, documentários, livros, além de quadros e obras consagradas como os Bólides e os Parangolés - esta última, a primeira manifestação ambiental coletiva, envolvendo capas, barracas, estandartes e passistas da Mangueira, na mostra Opinião 65.

Hipótese de incêndio criminoso foi descartada

A hipótese de um incêndio criminoso foi descartada por César Oiticica. De acordo com ele, além do forte aparato externo de segurança no bairro, o ateliê contava com sensíveis alarmes de presença e anti-incêndios. "Essa possibilidade está completamente descartada. O acervo tinha um forte aparato de segurança", disse.

O tenente do Corpo de Bombeiros Yuri Manso, responsável pela operação, informou que as chamas consumiram as obras com rapidez e que só após o resultado do laudo técnico será possível chegar às possíveis causas do incêndio.

Oiticica consolidou estética do movimento tropicalista

Hélio Oiticica nasceu no Rio de Janeiro, em 26 de julho de 1937. Ele foi, entre outros, pintor, escultor, artista plástico e performático de aspirações anarquistas. É considerado por muitos um dos artistas mais revolucionários de seu tempo e sua obra experimental e inovadora é reconhecida internacionalmente.

Em 1959, Hélio Oiticica fundou o Grupo Neoconcreto, ao lado de artistas como Amilcar de Castro, Lygia Clark e Franz Weissmann. Na década de 1960, Hélio Oiticica criou o Parangolé, que ele chamava de "antiarte por excelência". Foi também Hélio Oiticica que fez o penetrável Tropicália, que não só inspirou o nome, mas também ajudou a consolidar uma estética do movimento tropicalista na música brasileira, nos anos 1960 e 1970. O artista morreu no Rio de Janeiro, em 26 de março de 1980.

Com informações do O Dia

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Fonte: Terra
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