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Polícia

Nayara espera fim de processos penais para pedir indenização

15 out 2009 - 07h52
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Um ano após presenciar o trágico desfecho do sequestro do qual foi vítima ao lado da amiga Eloá Pimentel, a estudante Nayara Rodrigues, 16 anos, espera o fim dos processos penais contra os réus do crime para requerer indenização na Justiça. Os processos têm como réu o motoboy Lindemberg Alves Fernandes, o ex-namorado que sequestrou e matou Eloá, e os policiais militares envolvidos no cerco, que respondem a inquérito militar.

Eloá chora enquanto é mantida refém em apartamento de Santo André
Eloá chora enquanto é mantida refém em apartamento de Santo André
Foto: Reinaldo Marques / Terra

Entre as alegações do processo cível, as lesões corporais e o trauma que sofreu durante a experiência. Após ser libertada por Lindemberg, a estudante voltou ao local do cativeiro por iniciativa da Polícia Militar para ajudar nas negociações, e não conseguiu mais sair. Na invasão do apartamento, a adolescente foi baleada no rosto. Agentes públicos processados criminalmente dariam vantagem a um pedido de indenização contra o Estado.

O advogado Marcelo Augusto de Oliveira afirma que esta é uma estratégia sua na qualidade de assistente jurídico da jovem. "Estamos trabalhando paralelamente ao processo penal e ingressaremos com a ação (indenizatória) quando este terminar", disse.

Após o sequestro, a estudante teve acompanhamento psicológico, trocou de colégio e procura levar uma vida normal. Ela evita falar sobre o que aconteceu e a família recusa entrevistas com a jovem.

Responsabilidade da polícia

A ação do Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate) foi imediatamente coberta de críticas por especialistas. Em especial, o uso de Nayara para negociar com o criminoso. O diretor-presidente da Fundação Criança de São Bernardo do Campo e membro do Conselho Estadual de Direitos Humanos (Condepe), Ariel de Castro Alves, afirma que a menina foi exposta a um "risco desnecessário".

O inquérito policial militar sobre o desfecho trágico do caso foi finalizado em setembro. O coronel Paulo César Franco pediu o arquivamento do caso à Justiça. O Ministério Público determinou que novas diligências fossem feitas. A PM negou entrevista com o comandante da operação ao Terra.

Em nota, a PM culpa Lindemberg pela invasão que acabou com as duas reféns baleadas e afirma que entrou no apartamento "em legítima defesa de terceiros, de forma técnica e comedida". A corporação cita ainda outras ações para reforçar que a morte de Eloá foi um caso isolado em ações do Gate.

Relembre o caso

A estudante Eloá Cristina Pimentel, então com 15 anos, foi refém pelo ex-namorado por 100 horas no apartamento em que morava com a família, num conjunto habitacional na periferia de Santo André, região do Grande ABC paulista. Inconformado com o fim do namoro, o motoboy Lindemberg Alves, 22 anos, invadiu o apartamento no dia 13 de oububro de 2008. Ele chegou a manter quatro reféns, mas no mesmo dia libertou dois adolescentes que estavam no local. No dia seguinte, libertou Nayara. No entanto, como parte das estratégias de negociação, a adolescente voltou ao apartamento na manhã do dia 16, sendo feita refém novamente.

O sequestro terminou no dia 17 de outubro, quando o Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate) explodiu a porta e deteve Lindemberg. As amigas Nayara e Elóa deixaram o apartamento feridas por disparos feitos pela arma usada por Lindemberg. Na noite do dia 18, foi diagnosticada a morte cerebral de Eloá.

Fonte: Redação Terra
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