Ibope: 37% dos assentados não produzem nada em suas terras
Pesquisa realizada pelo Ibope a pedido da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) aponta que 37% das famílias que vivem em assentamentos rurais no País não produzem nada em suas propriedades. Das famílias que produzem, 10,7% não conseguem ter uma produção satisfatória para alimentar a família. O estudo foi realizado de 12 a 18 de setembro em mil domicílios de nove Estados. A margem de erro é de três pontos percentuais.
A pesquisa mostrou que a maioria dos assentados (37%) tem renda familiar de um salário mínimo, 35%, entre um e dois salários mínimos e 26%, de mais de dois salários mínimos. A conclusão é que 37% dos assentados têm renda individual de um quarto do salário mínimo.
Para a presidente da CNA, senadora Kátia Abreu (DEM-TO), esse é um dos dados mais alarmantes da pesquisa. "Isso significa que temos 40% dos assentados vivendo em situação de extrema pobreza".
A presidente da CNA também destacou outra constatação da pesquisa: a maioria dos assentados (75%) não tem acesso ao programa de crédito rural do governo. Segundo a senadora, entre os motivos podem estar a falta de documentação da propriedade, falta de comprovação da produção como garantia para financiamento e a inadimplência.
Após a divulgação da pesquisa, o presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Rolf Hackbart, contestou o resultado do Ibope e prometeu divulgar, até o fim do ano, "dados confiáveis" sobre a realidade produtiva em assentamentos.
"O interesse da CNA é dizer que a reforma agrária não é mais necessária. E nós sabemos que a reforma é um caminho para desenvolver o país de forma sustentável", afirmou Hackbart.