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Política

Yeda chama crise de "muita fofoca" e se vê candidata

5 out 2009 - 19h51
(atualizado às 20h59)
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Rafael Nardini
Direto de São Paulo

A governadora do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius (PSDB), afirmou nesta segunda-feira, durante o programa Roda Viva, da TV Cultura de São Paulo, que tem sido vítima da "indústria do escândalo" e que existe "muita fofoca" em meio às denúncias das quais ela é alvo. A tucana é suspeita de envolvimento em esquema de fraudes em contratos do Detran gaúcho e de caixa dois em sua campanha para o governo do Estado.

A governadora Yeda Crisius participou do programa Roda Viva, da TV Cultura
A governadora Yeda Crisius participou do programa Roda Viva, da TV Cultura
Foto: Marcelo Pereira / Terra

"Faz dois anos e meio que a população vê denúncias desde o primeiro jornal pela manhã até a noite. Precisamos ver a imagem que foi criada sobre uma governadora, sobre uma mulher que investiu no Estado depois de 40 anos de uma economia paupérrima", afirmou.

Pesquisa realizada pelo Ibope sob encomenda do Grupo RBS aponta que 62% dos entrevistados são a favor do impeachment da governadora gaúcha. Em sua defesa Yeda disse que há um erro conceitual na questão feita durante a pesquisa. "Qual é a pergunta? Primeiro, eles (população) não estão pedindo impeachment. A pesquisa diz: você concorda com o pedido de impeachment da governadora?".

A tucana afirmou ainda ser alvo de uma perseguição "orwelliana". "Vivemos uma era do Big Brother. O escritor George Orwell escreveu um livro chamado 1984, lá nos anos 50, que não poderia ser mais atual. Ele dizia que as pessoas seriam vigiadas o tempo todo: é uma câmera aqui, um gravador ali". E completou dizendo que essa superexposição acabou por criar uma certa novelização do noticiário. "Não existe conspiração. Existe um mercado e esse mercado é regido pelos escândalos".

Pré-candidata
A governadora negou ter recebido pedidos do PSDB para evitar sua candidatura à reeleição do Estado e evitar um possível desgaste do candidato tucano à Presidência da República. Yeda afirmou que recebeu apoio do governador paulista José Serra, um dos pré-candidatos para 2010.

"Isso é uma boa intriga, até o Serra me disse: 'Yeda nunca vi algo assim. Isso é um ataque especulativo!'", afirmou.

Além de Serra, Yeda disse que recebeu apoio do outro possível presidenciável tucano. Segundo a governadora, o governador mineiro Aécio Neves disse confiar em sua inocência. Mesmo com a avalanche de denúncias que tem sofrido nos últimos dois anos e meio, Yeda se vê como possível candidata.

"Sou pré-candidata. Enfrentei uma campanha eleitoral extremamente truculenta em 2006 e era prevista uma certa radicalização na política do Estado", afirmou. "Recebo apoio dos companheiros do PSDB. Rio Grande do Sul está se fechando entre si. Nem todos os fins justificam os meios que estão usando no Rio Grande do Sul. Essa é a diferença entre a social democracia e os outros".

Yeda disse que se tornou alvo de denúncias por conta de sua posição "mais firme e rígida" na mudança de alguns rumos. Ela ainda criticou uma possível radicalização na política gaúcha.

"Acho que mexi com muito hábitos arraigados no meu Estado, dos quais não participei e o meu partido no Rio Grande do Sul não participou", afirmou. "Houve uma polarização política entre PT e PSDB que não havia antes. Antes o Estado vivia um clima de PT contra a oposição".

O caso

O governo de Yeda tem sido alvo de acusações da Operação Rodin, da Polícia Federal, que investigou o suposto esquema envolvendo fraudes em contratos de prestação de serviços da Fundação de Apoio à Tecnologia e Ciência (Fatec) e Fundação para o Desenvolvimento e Aperfeiçoamento da Educação e da Cultura (Fundae) para o Detran, e que causou o desvio de aproximadamente R$ 44 milhões dos cofres públicos, segundo o Ministério Público.

A situação ficou mais complicada depois que a revista Veja divulgou gravações mostrando conversas entre Marcelo Cavalcante, ex-assessor da governadora e achado morto em Brasília em fevereiro deste ano, e o empresário Lair Ferst, um dos coordenadores da campanha de Yeda e réu na Operação Rodin. O áudio indicaria o uso de caixa dois na campanha de Yeda para o governo do Estado.

O Ministério Público Federal (MPF) ajuizou, no dia 5 de agosto, ação de improbidade administrativa contra a governadora e mais oito pessoas. Eles foram denunciados por enriquecimento ilícito e dano ao erário. Na ação, os procuradores pediram o afastamento temporário dos agentes públicos de seus cargos enquanto durar o processo. Mas a juíza Simone Barbisan Fortes negou o pedido de afastamento da governadora.

Além do processo na Justiça, Yeda enfrenta uma CPI instalada na Assembleia Legislativa do Estado para investigar as denúncias de corrupção e um processo de impeachment na Casa, movido por servidores públicos.

Fonte: Terra
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