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Polícia

Testemunhas: assassinato de juiz foi ordem do PCC

1 out 2009 - 20h00
(atualizado às 22h17)
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Hermano Freitas
Direto de São Paulo

Testemunhas de acusação no processo que julga Júlio César Guedes de Moraes, o Julinho Carambola, apontado como um dos chefes da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), os delegados Godofredo Bittencourt e Rui Ferraz Fontes disseram na tarde desta quinta-feira, no Fórum Criminal da Barra Funda, zona oeste de São Paulo, que a morte do juiz-corregedor Antônio José Machado Dias em 2003 foi encomendada pelos líderes da facção. A defesa do acusado nega.

O assassinato ocorreu no dia 14 de março de 2003, em Presidente Prudente. Também seria julgado Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, detento da Penitenciária 2 de Presidente Venceslau (SP), que foi autorizado a não comparecer ao julgamento.

O júri do acusado foi suspenso quando seu advogado, Roberto Parentoni, deixou o plenário. O juiz Alberto Anderson Filho determinou o adiamento de seu julgamento, que ainda não tem data marcada para recomeçar. Ao deixar o Fórum, o defensor alegou cerceamento do direito de defesa por impossibilidade de se comunicar com o réu - eles têm apenas 30 minutos para conversar. "Eu não sei de quem é o medo de que eu me comunique com meu cliente. Isso nunca me aconteceu em 18 anos de advocacia", afirmou.

"Julinho era conhecido como 'fundador' e todas as ordens do grupo partiam das lideranças", disse Godofredo Bittencourt, que na época do crime era diretor do Departamento de Investigações Sobre o Crime Organizado (Deic). "Ainda hojes os dois mandam", afirmou Rui Ferraz Fontes, que comandou as investigações do crime.

As testemunhas citaram ainda um bilhete que seria indício de que o assassinato do juiz fora encomendado pelo PCC e seus supostos líderes. A prova foi colhida no presídio em que ambos estavam presos, segundo os autos do processo.

O crime

Marcola e Julinho Carambola, apontados como os principais líderes da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), teriam encomendado a morte do juiz por conta da atuação rigorosa de Machado, que atuava na corregedoria dos presídios. Ambos negam envolvimento no crime.

Entre as atribuições do juiz estavam a concessão de benefícios aos presos, a realização de sindicâncias e a avaliação de pedidos dos advogados. Machado foi morto a tiros em março de 2003, logo após deixar o Fórum de Presidente Prudente, após ter o seu carro cercado por criminosos. Em novembro de 2007, Reinaldo Teixeira dos Santos, 29 anos, conhecido como Funchal, foi condenado a 30 anos de prisão, em regime inicialmente fechado, por homicídio doloso. A Justiça apontou o acusado como autor dos disparos que mataram o juiz.

Anteriormente, João Carlos Rangel Luísi, o Jonny, foi condenado a 19 anos de prisão por homicídio duplamente qualificado e Ronaldo Dias, o Chocolate, a 16 anos e oito meses de prisão. Ambos também teriam participado da ação.

Durante o julgamento, que pode se estender até esta sexta-feira, o Fórum Criminal da Barra Funda terá vigilância reforçada. O número de policiais que está dentro e fora do local não foi divulgado.

Coincidentemente, nesta sexta-feira, o filme Salve Geral, do cineasta Sérgio Resende, estreia em circuito comercial em todo o Brasil. O filme tem como tema central os ataques às forças policiais do Estado de São Paulo, ocorridos em maio de 2006, e que teriam sido tramados pelo PCC, do interior dos presídios. Também nesta sexta-feira, completam-se 17 anos do episódio conhecido como massacre do Carandiru, que deixou 111 presos mortos na antiga Casa de Detenção de São Paulo em 1992.

Nos ataques de 2006 - entre 12 e 20 de maio, 493 pessoas foram mortas por armas de fogo no Estado de São Paulo. Os principais alvos foram policiais militares, guardas civis metropolitanos e até bombeiros, que tiveram 46 baixas. A polícia matou pelo menos 109 pessoas que teriam reagido à prisão no período.

Fonte: Terra
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