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Política

Vice do RS: Yeda disse que eleição era época de 'poupança'

1 out 2009 - 19h27
(atualizado às 20h26)
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Fabiana Leal
Direto de Porto Alegre

A CPI criada na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul para investigar denúncias de corrupção no governo do Estado divulgou, na noite desta quinta-feira, o vídeo de 4 minutos de um depoimento do vice-governador, Paulo Feijó (DEM), no Ministério Público Federal (MPF). No vídeo, Feijó afirmou que a governadora do Estado, Yeda Crusius (PSDB), disse durante a campanha que eleição era "época de fazer poupança". Segundo o depoimento, que ocorreu no dia 3 de agosto deste ano e teve 90 minutos de duração, várias doações não entraram na campanha.

Antes de divulgar o vídeo, Stela Farias disse que ele era a preparação para a ida de Feijó à CPI
Antes de divulgar o vídeo, Stela Farias disse que ele era a preparação para a ida de Feijó à CPI
Foto: Juliano Araujo / Ag. AL / Divulgação

Segundo o vice-governador, ele foi chamado pelo então tesoureiro da campanha do PSDB Rubens Bordini para receber uma doação. Quando chegou ao local do encontro, Bordini teria informado que "o dinheiro foi dado para o marido da governadora". "Este dinheiro foi um dos que não apareceu na campanha. Os recursos trazidos pelo Chico Fraga e o dinheiro que o Lair Ferst emprestou ou intermediou também não entraram no caixa. Talvez apenas 10%. O resto desapareceu", afirmou Feijó aos procuradores.

"Isso é roubo de caixa dois. Aquilo era caixa três do marido (ex-marido de Yeda, Carlos Crusius) e da candidata", disse o deputado Daniel Bordignon (PT), referindo-se à fala da então candidata ao governo, segundo a conversa relatada por Feijó.

O governo informou que não vai se manifesta sobre assuntos da Assembleia. Rubens Bordini não foi localizado para comentar o caso.

O deputado Paulo Borges (DEM) afirmou que desconhecia o conteúdo do vídeo e considerou o caso "muito sério". "Acho que ultrapassa a CPI e entra na comissão especial do impeachment", disse Borges, referindo-se ao grupo criado para analisar o pedido para que seja votada a saída de Yeda do governo.

O vice-governador, que é desafeto da governadora tucana, informou que quer ir à CPI depois do dia 8, data que encerra o prazo para apresentação do relatório da comissão especial do impeachment. A presidente da CPI, Stela Farias (PT), adiantou, antes de mostrar o vídeo, que a gravação do depoimento seria a preparação para a ida do Feijó à comissão.

A divulgação do vídeo na CPI foi acordada com Feijó, segundo Stela. A parlamentar afirmou que o trecho escolhido para ser apresentado teve como critério a "gravidade".

Depoimento
O secretário adjunto de Administração Genilton Ribeiro apresentou atestado médico e não prestou depoimento aos membros da comissão, conforme estava previsto. Segundo o atestado médico apresentado por seu advogado à presidente Stela, o secretário está com uma "patologia incapacitante". O atestado, que tem validade de quatro dias, não esclarece qual a doença.

O caso

O governo de Yeda tem sido alvo de acusações da Operação Rodin, da Polícia Federal, que investigou o suposto esquema envolvendo fraudes em contratos de prestação de serviços da Fundação de Apoio à Tecnologia e Ciência (Fatec) e Fundação para o Desenvolvimento e Aperfeiçoamento da Educação e da Cultura (Fundae) para o Detran, e que causou o desvio de aproximadamente R$ 44 milhões dos cofres públicos, segundo o Ministério Público.

A situação ficou mais complicada depois que a revista Veja divulgou gravações mostrando conversas entre Marcelo Cavalcante, ex-assessor da governadora e achado morto em Brasília em fevereiro deste ano, e o empresário Lair Ferst, um dos coordenadores da campanha de Yeda e réu na Operação Rodin. O áudio indicaria o uso de caixa dois na campanha de Yeda para o governo do Estado.

O Ministério Público Federal (MPF) ajuizou, no dia 5 de agosto, ação de improbidade administrativa contra a governadora e mais oito pessoas. Eles foram denunciados por enriquecimento ilícito e dano ao erário. Na ação, os procuradores pediram o afastamento temporário dos agentes públicos de seus cargos enquanto durar o processo. Mas a juíza Simone Barbisan Fortes negou o pedido de afastamento da governadora.

Fonte: Terra
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