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Polícia

Advogado deixa sessão e juiz suspende julgamento de Marcola

1 out 2009 - 14h59
(atualizado às 16h25)
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Hermano Freitas
Direto de São Paulo

O juiz Alberto Anderson Filho determinou o adiamento do julgamento sobre a participação do suposto líder do Primeiro Comando da Capital (PCC), Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, no assassinato do juiz-corregedor de Presidente Prudente, Antonio José Machado Dias, depois que o advogado do réu, Roberto Bartolomei Parentoni, se retirou do julgamento.

O advogado se retirou do julgamento alegando cerceamento de defesa por impossibilidade de se comunicar com o réu - eles têm apenas 30 minutos para conversar. "Eu não sei de quem é o medo de que eu me comunique com meu cliente. Isso nunca me aconteceu em 18 anos de advocacia", afirmou.

A sessão começou às 14h25 desta quinta-feira. O assassinato ocorreu no dia 14 de março de 2003, em Presidente Prudente. Marcola, detento da Penitenciária 2 de Presidente Venceslau (SP), havia sido autorizado a não comparecer ao julgamento.

O outro acusado de envolvimento no crime é Júlio César Guedes de Moraes, o Julinho Carambola, e a sessão continua julgando apenas a sua participação no assassinato.

O crime

Marcola e Julinho Carambola, apontados como os principais líderes da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), teriam encomendado a morte do juiz por conta da atuação rigorosa de Machado, que atuava na corregedoria dos presídios. Ambos negam envolvimento no crime.

Entre as atribuições do juiz estavam a concessão de benefícios aos presos, a realização de sindicâncias e a avaliação de pedidos dos advogados. Machado foi morto a tiros em março de 2003, logo após deixar o Fórum de Presidente Prudente, após ter o seu carro cercado por criminosos. Em novembro de 2007, Reinaldo Teixeira dos Santos, 29 anos, conhecido como Funchal, foi condenado a 30 anos de prisão, em regime inicialmente fechado, por homicídio doloso. A Justiça apontou o acusado com o autor dos disparos que mataram o juiz.

Anteriormente, João Carlos Rangel Luísi, o Jonny, foi condenado a 19 anos de prisão por homicídio duplamente qualificado e Ronaldo Dias, o Chocolate, a 16 anos e oito meses de prisão. Ambos também teriam participado da ação.

Durante o julgamento, que pode se estender até sexta-feira, o Fórum Criminal da Barra Funda terá vigilância reforçada. O número de policiais que estará dentro e fora do local não foi divulgado.

Coincidentemente, nesta sexta-feira, o filme Salve Geral, do cineasta Sérgio Resende, estreia em circuito comercial em todo o Brasil. O filme tem como tema central os ataques às forças policiais do Estado de São Paulo, ocorridos em maio de 2006, e que teriam sido tramados pelo PCC, do interior dos presídios. Também nesta sexta-feira, completam-se 17 anos do episódio conhecido por massacre do Carandiru, que deixou 111 presos mortos na antiga Casa de Detenção de São Paulo em 1992.

Nos ataques de 2006 - entre 12 e 20 de maio, 493 pessoas foram mortas por armas de fogo no Estado de São Paulo. Os principais alvos foram policiais militares, guardas civis metropolitanos e até bombeiros, que tiveram 46 baixas. A polícia matou pelo menos 109 pessoas que teriam reagido à prisão no período.

Fonte: Terra
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