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Polícia

Milícias atuam em todos batalhões da PM no Rio, diz CPI

8 ago 2009 - 10h32
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As milícias se infiltraram em todos os batalhões convencionais da Polícia Militar da capital fluminense, segundo informações oficiais divulgadas pelas investigações da corregedoria interna da própria PM e da Polícia Civil que se tornaram públicas, pelas prisões realizadas e pelo relatório da CPI das Milícias da Alerj. Em cada uma das 18 unidades da PM localizadas na cidade do Rio de Janeiro, pelo menos um PM está ou esteve envolvido com grupos paramilitares.

Quatro batalhões especiais ¿ Operações Especiais (Bope), o extinto Vias Especiais (BPVE, hoje BPVr), Turístico (BPTur) e Choque (BPChoque) ¿ também têm policiais citados.

Nas unidades da Zona Sul, por exemplo, onde não há milícias, quatro PMs apareceram em investigações. Um cabo, um soldado e um outro policial do 23º BPM (Leblon) são acusados de envolvimento com o grupo Liga da Justiça, que atua na Zona Oeste e teria como chefe os irmãos Natalino (ex-deputado) e Jerônimo (ex-vereador) Guimarães. Todos estão presos.

Um PM do 2º Batalhão (Botafogo) é suspeito de ligações com a milícia do ex-PM Fabrício Fernandes, o Mirra, que domina favelas na Zona Norte da cidade. Um outro, do 19º BPM (Copacabana) está preso desde junho acusado de participar na morte de um policial civil na Baixada Fluminense. O crime ocorreu porque o agente queria impedir a implantação de uma milícia.

Muitos outros PMs de batalhões fora das áreas de atuação de grupos paramilitares também estão envolvidos. Só no 1º BPM (Estácio), há pelo menos sete. Dois soldados e um cabo foram presos em junho pela Polícia Civil durante a Operação Têmis, acusados de integrar a Liga da Justiça.

Um sargento da unidade é apontado como o chefe da milícia da comunidade Catiri, em Bangu (Zona Oeste). Outro cabo foi citado em investigações da 16ª DP (Barra da Tijuca) como sendo um dos líderes do grupo intitulado de Comando Delta, que controla as favelas Beira-Rio e Novo Rio, no Recreio dos Bandeirantes.

Um outro PM do 1º Batalhão está preso desde junho por envolvimento com a milícia Comando Chico Bala, também com base de atuação na Zona Oeste. Há ainda um sargento citado no relatório da CPI como sendo líder da quadrilha que controla as comunidades de Jardim Bangu e Cancela Preta.

No 5º Batalhão (Zona Portuária), pelo menos três PMs estão presos. Dois deles por participarem da Liga da Justiça. O outro, por integrar a milícia Águia do Mirra.

No 13º Batalhão (Praça Tiradentes), um policial, que chegou a ser candidato a vereador, foi denunciado por envolvimento com uma milícia em Jacarepaguá (Zona Oeste).

O batalhão da Tijuca também contaria com milicianos. O cabo William de Paula, que foi denunciado pelo assassinato do menino João Roberto Amorim Soares, 3 anos, em 2008, foi citado pela CPI da Alerj, sendo expulso da corporação. Um soldado é investigado por envolvimento com uma milícia em São Gonçalo e outro foi apontado pela CPI da Alerj como sendo responsável por cobrança ilegal de segurança em algumas ruas tijucanas.

Um cabo do 4º Batalhão (São Cristóvão) está sendo investigado pela Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) e pela Corregedoria da PM por suposto envolvimento com a milícia da Favela Rio das Pedras, em Jacarepaguá.

O quartel da Ilha do Governador (17º BPM) teria pelo menos sete investigados, a maioria por atuarem na milícia que controla o Morro do Boogie-Woogie. Os batalhões com mais milicianos são o 27º BPM (Santa Cruz), com ao menos 11 suspeitos com nomes divulgados, e o Regimento de Polícia Montada (RPMont), localizado em Campo Grande.

"Problema mais sério"
Para o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL) que presidiu a CPI das Milícias, esses dados só vem a confirmar que as milícias são o problema mais sério de segurança pública no Estado.

"São agentes do Estado a serviço do crime organizado e usando a máquina do Estado. E não é um problema de um ou outro batalhão, é uma questão estrutural que não somente a polícia pode acabar e sim o poder público. Vemos que existem áreas com maior concentração de milícias como Campo Grande e Jacarepaguá, mas que elas podem se espalhar rapidamente", disse.

Jornal do Brasil Jornal do Brasil
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