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Polícia

MP denuncia oficial da PM por envolvimento com milícia no Rio

5 ago 2009 - 04h24
(atualizado às 04h34)
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Depois do ex-jogador Romário, mais um morador do Condomínio Golden Green, localizado na Barra, no rio de Janeiro, poderá perder o apartamento na Justiça. O Ministério Público Estadual (MP) pediu o sequestro de bens do capitão reformado da Polícia Militar Epaminondas Queiroz - acusado de ser um dos chefes da milícia da Favela de Rio das Pedras, em Jacarepaguá.

O oficial e a mulher, Glaucia Costa Alves, agora são réus na 10ª Vara de Fazenda Pública por improbidade administrativa e enriquecimento ilícito. A ação foi aberta após a série 'Dossiê Milícia' revelar, em 2008, a enorme evolução patrimonial dos dois em quatro anos.

O casal mora, desde 2000, em luxuoso apartamento no Golden Green avaliado em mais de R$ 1 milhão. Apesar dos baixos salários na PM e na empresa de segurança chamada Protec, Queiroz movimentou em suas contas bancárias R$ 2.141.325,40, entre 2003 e 2006, segundo o MP. O ano de ouro para o capitão foi o de 2004, quando teve saldo em sete bancos de R$ 898.794,73 - 20 vezes os seus rendimentos declarados à Receita Federal.

O MP listou outros bens que Glaucia e Queiroz acumularam de forma suspeita desde o início da década: suíte no Hotel Porto Galo, em Angra dos Reis; outro imóvel na Barra; carros como uma Mitsubishi Pajero; e R$ 1,8 milhão em apólices de seguro. "Para assegurar a reversão, ao Estado do Rio, dos bens ilicitamente amealhados, torna-se imprescindível a decretação do sequestro de todo o patrimônio dos demandados (Glaucia e Queiroz), sobre o qual recai, como demonstrado, veementes indícios de ilicitude quanto à origem", afirma denúncia do MP.

Ontem, a 10ª Vara de Fazenda encaminhou intimação questionando se o governo do Estado tem interesse em integrar a ação judicial contra Queiroz. Caberá à juíza Valéria Pachá Bichara decidir se aceitará o sequestro de bens do capitão PM. Procurado, Queiroz não foi encontrado para comentar a ação judicial.

O PM é o segundo acusado de integrar milícia que vira réu por improbidade administrativa e enriquecimento ilícito nos últimos dias. O vereador e sargento bombeiro Cristiano Girão (PMN) foi denunciado pelos crimes semana passada. A Justiça negou o sequestro de bens do parlamentar, mas o Ministério Público vai recorrer.

Mesma arma matou dois antigos rivais

Antigos rivais na disputa pelo poder em Rio das Pedras, a viúva do inspetor Félix Tostes, Maria do Socorro, e o ex-vereador Nadinho - assassinado em junho - foram atacados pelo mesmo grupo de matadores. É o que indica laudo do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE) sobre os atentados a que os dois sobreviveram no fim do ano passado.

Em fevereiro, a 32ª DP (Taquara) pediu a prisão de quatro acusados. Mas como o Ministério Público não concordou com o inquérito, três deles seguem soltos. Só um está preso, pois foi flagrado mês passado com carregamento de armas, em Foz do Iguaçu (PR).

O exame de balística, assinado pelas peritas Karina Pereira e Bianca Barreto analisou três projéteis de revólver calibre 38 - dois que atingiram Socorro e um, Nadinho. A viúva sobreviveu a atentado em 24 de novembro e o ex-vereador escapou da morte em 1º de dezembro. "Realizado o exame de microcomparação solicitado, concluem os peritos que os mesmos foram expelidos pelo cano da mesma arma", atesta o laudo.

A Delegacia de Homicídios (DH) - responsável pela investigação dos crimes envolvendo a milícia de Rio das Pedras - vai pedir agora a comparação do projétil calibre 38 que matou Getúlio Rodrigues Gamas, presidente da cooperativa de vans da comunidade, executado em maio.

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