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Política

Deputado do castelo evita perguntas e irrita relator

26 mai 2009 - 16h39
(atualizado em 27/5/2009 às 01h22)
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Marina Mello

Direto de Brasília


O deputado Edmar Moreira (sem partido-MG), conhecido por ter construído um castelo avaliado em mais de R$ 20 milhões em seu Estado, evitou responder a diversas perguntas durante seu depoimento no Conselho de Ética da Câmara nesta terça-feira e acabou irritando o relator de seu caso, deputado Nazareno Fonteles (PT-PI).

O deputado Edmar Moreira chorou ao fazer a sua defesa no Conselho de Ética
O deputado Edmar Moreira chorou ao fazer a sua defesa no Conselho de Ética
Foto: José Cruz / Agência Brasil

No fim de abril, em sua defesa no Conselho de Ética da Câmara, o deputado afirmou que não havia impedimento para o uso da verba em sua própria empresa. Ele usou notas de suas de segurança para obter o ressarcimento dos R$ 15 mil da verba indenizatória. Para ele, não é válida a alegação de que ele não teria conseguido mostrar que os serviços de segurança foram prestados.

O relator iniciou a sua série de perguntas questionando Moreira sobre suas empresas, e sobre informações relativas aos autos do processo.

A primeira questionou porque somente depois de março de 2007 o deputado começou a usar a verba indenizatória para pagar serviços de segurança. O relator quis saber ainda de detalhes sobre a venda de suas empresas.

Moreira, no entanto, respondeu apenas a algumas perguntas e disse que não responderia a outras porque o relator estaria querendo saber de questões não diretamente ligadas ao processo contra ele no Conselho. "Não vou responder porque isso extrapola o objeto da representação", disse o acusado.

O relator então acabou se irritando: "nada do que estou colocando aqui está fora de objeto, as minhas perguntas estão todas baseadas nos autos da investigação. Vossa excelência responde se quiser, agora desqualificar o trabalho desta relatoria não", disse.

Edmar afirmou que as questões relacionadas a sua "vida particular" não dizem respeito ao Conselho.

O depoimento de Edmar foi interrompido por causa da sessão no Plenário da Câmara. O presidente prometeu retomar a sessão assim que for encerrada a votação no Plenário.

Segurança

A deputada Solange Amaral (DEM-RJ) questionou sobre o porquê Edmar Moreira ter feito gastos com segurança antigamente e agora, que é mais conhecido, não tem mais esse tipo de despesa. "Ao que consta nos meses de fevereiro, março, abril e maio, agora que o senhor está conhecido nacionalmente, o senhor não tem usado nenhuma segurança. Justamente agora que vossa excelência tem sido alvo de abordagens, não as utiliza mais", disse a deputada.

Mas Edmar disse que, por pertencer ao DEM, a deputada não teria a isenção necessária para inquiri-lo. "A senhora não tem isenção, respeitosamente, não vou responder", disse.

O deputado Edmar Moreira admitiu que o tenente Jairo Lima, apontado por ele como chefe de sua equipe de segurança, já trabalhou no gabinete de seu filho, o deputado estadual, Leonardo Moreira (MG). O tenente deveria ter ido nesta terça à CPI, mas enviou um oficio dizendo que não poderia comparecer, mas que já havia prestado os devidos esclarecimentos a comissão de sindicância criada para apurar o caso de Edmar.

Silêncio agravante

A postura de Edmar de evitar responder a perguntas pode prejudicar sua defesa, na visão do relator do processo, deputado Nazareno Fonteles (PT-PI). "Acho que o contexto em que as coisas estão acontecendo são agravantes. (...) Por que? Porque eu ouvi de alguns conselheiros que o interrogaram expressarem essa opinião", disse o relator.

Nazareno considerou no mínimo "estranho" Edmar ter se recusado a responder perguntas baseadas na defesa apresentada por ele próprio à comissão de sindicância criada para apurar seu caso.

"Todas as minhas perguntas estavam relacionadas com as respostas que ele já tinha dado antes, por isso que eu questionei, por ele não ter respondido no conteúdo e no mérito as minhas perguntas. Isso é pelo menos estranho", afirmou.

Fonte: Terra
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