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Afastamento foi surpresa e não é praxe na PF, diz Protógenes

14 abr 2009 - 18h11
(atualizado às 19h29)
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Marina Mello

Direto de Brasília

O delegado da Polícia Federal, Protógenes Queiroz, disse, em entrevista ao Terra, ter recebido com uma "surpresa muito grande" a informação de que estava afastado dos quadros da PF até que sejam encerradas as investigações no processo disciplinar aberto contra ele por ter participado de um comício no fim do ano passado. Apesar de a PF alegar que o afastamento segue uma "praxe" e que ocorreria com qualquer outro policial, Protógenes alegou que se esta fosse mesmo uma prática comum, outros membros da corporação também teriam que ser afastados.

"Eu não esperava por isso", disse Protógenes sobre o afastamento
"Eu não esperava por isso", disse Protógenes sobre o afastamento
Foto: José Cruz / Agência Brasil

O afastamento do delegado deve durar até a conclusão, pela Corregedoria da PF, de um processo disciplinar que investiga a participação dele em um comício em Poços de Caldas, Minas Gerais, em setembro de 2008. A decisão de afastar o delegado foi tomada pelo diretor-geral da PF, delegado Luiz Fernando Corrêa, e anunciada em portaria no dia 9 de abril. Segundo ele, os servidores públicos da ativa não podem se envolver em campanhas políticas.

Sem citar nomes, ele lembrou apenas que integrantes da cúpula da Polícia Federal que tinham conhecimento da Operação Satiagraha - e que foram ouvidos pela CPI das Escutas Telefônicas - não são alvo das investigações da PF, ao contrário dele.

"Foi com uma surpresa muito grande que recebi essa informação. Isso seria uma praxe se mais pessoas fossem afastadas além de mim", disse o delegado. Protógenes confirmou ainda as informações dadas em entrevista ao Jornal do Brasil, no qual ele afirma que havia interesse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Operação Satiagraha. "Evidente que tem interesse do presidente, uma vez que o banqueiro tem mais de mil concessões de exploração do subsolo brasileiro", afirmou.

O delegado disse que tentou explicar aos parlamentares da CPI das Escutas que havia interesse do governo em Dantas porque suas transações deixavam clara a retirada de riquezas do País.

"Teria interesse do governo uma vez que teriam riquezas saindo do País, nada mais além disso. Dei até o caminho pra eles (deputados da CPI), nos HDs de Dantas nos EUA", explicou.

Além disso, o delegado voltou a dizer que nos discos rígidos que pertencem ao banqueiro Daniel Dantas e estão nos Estados Unidos existem informações que comprovariam o poder do banqueiro dentro do governo.

Política

Protógenes negou mais uma vez ter qualquer interesse em tentar a vida política, apesar de considerar que a sua demissão da PF deverá mesmo ocorrer. Respondendo a críticas dos que o chamam de "herói descartável" que está de olho na vida política, Protógenes disse que ainda não recebeu nenhum convite.

"Me causa surpresa esse tipo de declaração, não recebi convite de nenhum partido. Existe, sim, um diálogo muito grande entre eu e diversos partidos", disse. "Eles me procuram, me pedem opinião, mas convite mesmo ainda não recebi nenhum."

O delegado voltou a lamentar seu afastamento e disse que, caso a PF venha a demiti-lo, vai tentar na Justiça o direito de permanecer na corporação. "Qualquer convite (de algum partido) seria surpresa. Eu me mantenho na posição de delegado, embora não em exercício", disse. "Infelizmente, sou um delegado suspenso, um delegado afastado. Eu não esperava por isso."

Ao ser questionado se sua carreira como delegado havia acabado, o delegado respondeu: "ainda vou resistir judicialmente". Protógenes vai ao Congresso amanhã à tarde para se encontrar com o senador Pedro Simon (PMDB-RS), um dos que assumiu o grupo de apoio ao delegado.

Vazamento

Em julho do ano passado, Protógenes foi afastado da Satiagraha, depois de surgirem suspeitas de que ele teria vazado informações sobre a operação. Na época, a saída foi justificada pelo fato de o delegado ter iniciado um curso na escola superior da Polícia Federal. O delegado responde a um inquérito por isso.

Em novembro, ao retomar suas atividades, Protógenes foi informado de seu afastamento também da Diretoria de Inteligência da PF. Depois disso, o delegado afirmou que entraria com um pedido de indenização contra a PF, mas disse que não tinha pressa para mover a ação.

Fonte: Redação Terra
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