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Lula critica Igreja e propõe dia contra hipocrisia

9 mar 2009 - 21h20
(atualizado às 21h46)
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Laryssa Borges

Direto de Brasília

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a criticar nesta segunda-feira a atitude da Igreja Católica de condenar o aborto da menina de 9 anos supostamente estuprada pelo padrasto em Pernambuco. Ele chegou a propor, durante solenidade em comemoração do Dia Internacional da Mulher, o "Dia de Luta contra a Hipocrisia".

"Vocês viram aquele caso de Pernambuco. É mais do que absurdo. Como você pode proibir a Medicina de cuidar de uma menina que ficou grávida indevidamente?", questionou Lula, defendendo uma luta contra tabus envolvendo as mulheres.

"Só não criamos com o Dia da Luta contra a Hipocrisia, mas eu sonho com isso. Precisamos quebrar um monte de tabus. Ninguém disse que tinha que ser assim", disse.

"Como cristão, sou contra o aborto, mas como chefe de Estado tenho que tratar como uma questão de saúde pública", destacou o presidente, citando outros casos de discriminação contra o sexo feminino.

Ao observar que existe preconceito contra donas de casa, Lula disse se tratar de um "cinismo cultural". "Não tem tabu e preconceito pior que esse", afirmou, destacando que "o trabalho doméstico, se fosse bom, era o homem quem fazia".

A polêmica sobre a autorização para o aborto da menina grávida em Pernambuco intensificou-se com a decisão do arcebispo de Olinda e Recife, d. José Cardoso Sobrinho, que anunciou a excomunhão dos profissionais que interromperam a gravidez e da mãe da garota.

Novo ministério

Lula participou nesta segunda-feira com a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, do seminário Mulheres no Poder: uma Questão de Democracia. No evento, ele anunciou que iria transformar a Secretaria Especial de Política para as Mulheres em mais um ministério de seu governo.

"Já transformei a Secretaria de Igualdade Racial em ministério, mandamos um projeto para a Secretaria da Pesca se transformar em ministério, me comprometi com Paulinho Vannuchi em transformar a Secretaria de Direitos Humanos em ministério e acho que, para você ficar menos dependente da Dilma, vamos mandar também transformar a secretaria em ministério porque parece que não, mas o fato de transformar em ministério (garante) a liberdade orçamentária. Ajuda muito na elaboração e execução das políticas públicas", disse Lula.

Cotas

Apesar de destacar o avanço das conquistas da mulheres no mercado de trabalho, Lula observou que seria uma "ilusão" estabelecer cotas para integrá-las mais rapidamente.

"Avançamos muito e penso que falta avançar muito mais. No encontro com prefeitos e prefeitas, apenas 9% eram mulheres. Não é por problema de cota. Muitas vezes não podemos trabalhar com ilusão. Eu era presidente do PT quando introduzimos a cota. Não é uma coisa automática. Não tem nada pior do que você instituir a cota e depois ter que procurar gente para preencher a cota", afirmou.

Fonte: Terra
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