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Polícia

Advogado deixa defesa de ex-cirurgião foragido

15 jan 2009 - 15h57
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O advogado Marco Antônio Arantes de Paiva renunciou à defesa do ex-cirurgião plástico Hosmany Ramos, que se encontra foragido da Justiça desde 3 de janeiro, quando deveria retornar da saída temporária de Natal ao Centro de Progressão Penitenciária (CPP) de Valparaíso (577 km de SP), onde cumpria pena.

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Na última segunda-feira, Hosmany anunciou, por intermédio de Paiva, que pretendia se entregar nesta semana. Ele pedia para ser ouvido pelos juízes da Vara de Execuções Criminais (VEC) de Valparaíso em uma audiência em que explicaria os motivos pelos quais não tinha retornado após a saída temporária. Os juízes disseram que só iriam ouvi-lo depois que se entregasse à polícia.

"Como os juízes não quiseram ouvi-lo, ele desistiu de se entregar", explicou Paiva. Mas o que revoltou o advogado foi o fato de ficar sabendo da desistência pela imprensa. "Fiquei surpreso quando li num jornal que ele não ia mais entregar. Ele sequer me avisou. Foi um desrespeito com minha pessoa, porque ele tinha prometido se entregar e era nosso acordo que ele se entregasse", afirmou advogado, que enviou hoje, aos juízes da VEC de Valparaíso, uma petição informando da desistência da defesa de Hosmany e pedindo a nomeação de um defensor público.

Paiva disse que orientou Hosmany a retornar à prisão, porque já tinha feito as denúncias de irregularidades carcerárias do CPP de Valparaíso. O preso alega que a água usada na unidade não seria potável e as famílias de presos enfrentam dificuldades com sanitários durantes as visitas.

As denúncias contidas no Manifesto sobre a Realidade Prisional, escrito por Hosmany, foram divulgadas no dia 2 de janeiro. "Expliquei a ele que essa fuga só interessava enquanto a denúncia estivesse sendo feita, depois disso, ele deveria se entregar, pois tem ainda mais 22 anos de pena para cumprir", comentou.

Para o advogado, a decisão de Hosmany prejudica a tentativa de denunciar os abusos cometidos dentro do sistema penitenciário paulista. "Ele jogou tudo para cima; são denúncias graves que ficarão em segundo plano. Neste momento, parece que ele está brincando com o assunto", afirmou o advogado, que atua no campo dos Direitos Humanos.

"Ele deveria ser uma voz contra a violação dos Direitos Humanos, cujas denúncias justificariam a rebeldia adotada por ele. Mas o que ficou agora é somente o caso de um cidadão que se rebelou com o fato de ter de voltar à cadeia", comentou. "Lamento em perder a chance única de denunciar os desmandos que ocorrem dentro das prisões", concluiu.

Hosmany cumpre pena por homicídio, roubo de jóias e carros, tráfico de drogas e contrabando.

Fonte: Especial para Terra
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