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MP apura ligações de suspeitos de fraude a governador

20 set 2010 - 16h14
(atualizado às 16h24)
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Rose Mary de Souza
Direto de Campinas

O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) informou nesta segunda-feira que investiga ligações de presos por fraudes em licitações e contratos envolvendo órgãos estaduais e municipais a um governador. Conforme o MP, foram feitas ainda escutas telefônicas de contatos com um procurador do Estado, deputados, dois policiais, empresários e servidores. Oito pessoas foram presas na sexta-feira e outras duas, no sábado.

De acordo com a promotoria, as fraudes ocorriam em contratos de prestação de serviços de segurança, vigilância e limpeza. A estimativa do prejuízo causado aos cofres públicos é de pelo menos R$ 615 milhões.

O promotor Amauri Silveira Filho, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) de Campinas, não divulgou os nomes dos agentes políticos supostamente envolvidos, mas afirmou que eles serão citados ao Tribunal de Justiça. "A conclusão se são culpados ou inocentes não é nossa, e sim dos tribunais. Nós fizemos as análises do material. Coletamos provas, indícios, correspondência eletrônica dos investigados e tudo o mais", disse.

"A operação iria ser deflagrada hoje, mas houve um vazamento e essa informação chegou até eles. Felizmente, conseguimos prender dois criminosos do núcleo em um hotel em Atibaia (SP), quando tentavam destruir documentos. O restante do grupo está em Campinas e São Paulo", afirmou.

De acordo com o promotor, as investigações começaram em janeiro deste ano, após suspeitas de grandes contas das áreas de segurança, vigilância e limpeza estarem sempre nas mãos das mesmas empresas. A partir de uma apuração inicial, o MP chegou até os acusados, entre eles laranjas e donos de empresas de fachada.

O líder da organização, segundo o promotor, seria o empresário José Carlos Cepera, que teve prisão preventiva decretada por 10 dias neste final de semana. Os demais detidos, entre eles os policiais civis Alcir Biason e Alexandre Felix Sigrist, também ficarão presos pelo mesmo período. Estão foragidos os empresários Natanael Cruvinel de Souza e José Luiz Cortigas.

Segundo o promotor, Cepera é o "proprietário e administrador oculto" de seis empresas que estão em nome de laranjas. São elas a Lotus Serviços Tecnicos Ltda., Pluriserv Serviços Tecnicos Ltda., Infratec Segurança e Vigilancia Ltda., São Paulo Serviços Ltda., Pro-saneamento Ambiental Ltda. e O. O. Lima Empresa Limpadora Ltda. Os contratos celebrados totalizam R$ 615.723.232,78.

"A investigação já está com 500 laudas e temos mais de 300 conversas telefônicas gravadas, entre outras não relevantes. Temos escutas como 'desta vez é você e a gente é da próxima '. Os lobistas, sediados em Campinas, utilizavam empresas de Campinas para lavagem de dinheiro", disse o promotor.

"Os criminosos agiam de forma compartimentada. O núcleo da quadrilha estava em Campinas. As fraudes eram realizadas sempre com vantagens em dinheiro por corrupção dos agentes públicos ou ajustes com empresas concorrentes", disse o delegado Roveraldo Battaglini, diretor da 2ª Corregedoria de Policia Civil de Campinas.

Contratos Investigados

Entre os municípios paulistas investigados que mantêm contratos com as referidas empresas estão São Paulo, Campinas, Indaiatuba, Hortolândia, Peruíbe, Guarulhos, Jundiaí, Arujá, Itaperininga, Taubaté e Araraquara. Há também menções de empresas e pessoas nos Estados de Minas Gerais e Tocantins. Segundo o MP, o Tribunal de Contas do Tocantins detectou indícios de irregularidades em licitações no Estado.

O MP apontou ainda contratações irregulares com empresas públicas, privadas e autarquias, entre elas a Sanasa de Campinas, Defensoria Publica da União, Sabesp, Companhia de Engenharia de Tráfego, Companhia Paulista de Obras e Serviços, Departamento de Pericias Médicas do Estado de São Paulo, Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo, Imprensa Oficial, Prodesp, DAE de Jundiaí, Secretaria de Educação do Estado do Tocantins, Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo e com o próprio Ministério Público do Estado de São Paulo.

Jornal cita ligação de lobista a governador do Tocantins

Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, trechos da investigação do MP citam o governador do Tocantins, Carlos Gaguim (PMDB). Ainda de acordo com a reportagem, um dos presos no último final de semana é o lobista Maurício Manduca, que seria amigo de Gaguim e sócio de um cunhado do governador. O jornal diz ainda que o MP apurou que o lobista e Cepera mantêm negócios com a gestão do peemedebista

O governo de Tocantins negou o envolvimento de Gaguim no suposto esquema. Na entrevista coletiva de hoje, a procuradoria de São Paulo não confirmou nem negou que o governador citado nos autos seja Gaguim.

Fonte: Especial para Terra
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