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No Rio, manifestantes dizem que propostas anticorrupção são 'primeiro passo'

24 jun 2013 - 21h43
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Enquanto a presidente Dilma Rousseff anunciava pela televisão os cinco pontos de um "pacto" que busca satisfazer parte das demandas das manifestações que tomam diversas cidades do país, um grupo de algumas centenas de manifestantes tomava a avenida Rio Branco, no centro do Rio de Janeiro.

Ao contrário das manifestações que reuniram centenas de milhares de pessoas no centro do Rio na última semana, o ato contra a corrupção desta segunda-feira foi menor, e organizado por grupos menores, por meio de redes sociais. A concentração foi marcada para as 17h na Igreja da Candelária, mas apenas poucas dezenas de manifestantes compareceram ao local nesse horário.

Por volta de 18h, o grupo marchou para avenida Rio Branco, rumo à Cinelândia, interditando a via. Estudantes e pessoas que saíam do trabalho se juntaram ao ato.

Portando cartazes críticos a partidos políticos, ao voto obrigatório e contrários à PEC 37, à presidente Dilma Rousseff e ao governador Sergio Cabral, a maioria dos manifestantes estava na rua no momento do anúncio das medidas pela presidente.

Corrupção

Informado pela reportagem sobre a proposta de Dilma de transformar a "corrupção dolosa" em crime hediondo, um dos organizadores do ato, o técnico em segurança do trabalho Maycon Freitas, de 31 anos, afirmou que a medida é um "primeiro passo". "Acho ótimo, mas queremos que todos os crimes de corrupção sejam considerados hediondos", disse.

Freitas afirmou fazer parte de um grupo chamado UCC (União Contra Corrupção) que foi formado há cerca de dois meses por meio de discussões em redes sociais. O grupo se diz apartidário e carregava uma faixa com os logotipos de diversos partidos políticos riscados. "Neste momento, eles (os partidos) não significam nada. Temos que tomar cuidado para que não tirem proveito disso", disse.

Uma das convocatórias publicadas no Facebook para o ato desta segunda-feira afirmava que "partidos e entidades políticas não são bem-vindos". O convite era assinado por um grupo intitulado Nova Era Brasileira, embora a reportagem não tenha encontrado no ato pessoas que dissessem fazer parte do grupo.

Impunidade

Angelildo Santos, que trabalha na Marinha Mercante e também se dizia membro do UCC, estava à frente da marcha, tentando organizar os manifestantes que carregavam uma enorme faixa contra o voto obrigatório.

Questionado sobre a proposta da presidente, ele afirmou considerar que, para combater a corrupção é necessário acabar com a imunidade parlamentar. "Os nossos políticos têm imunidade. O político rouba e fica impune", disse Santos, que defendeu ainda saída de Renan Calheiros da presidência do Senado e a prisão dos condenados no escândalo do mensalão.

Carregando um cartaz onde pedia que a corrupção fosse tratada como crime hediondo, o contador Vaucemir Endlich classificou a proposta de Dilma anunciada nesta segunda-feira como "um início".

"Mas é preciso acabar com os funcionários públicos indicados (sem concurso). Funcionário público tem que ser selecionado por mérito e ser muito honesto", disse.

Movimento

O ato desta segunda-feira transcorreu de maneira bastante pacífica, sem confrontos entre manifestantes e a polícia. Na Cinelândia, policiais militares fizeram um cordão de isolamento em frente à entrada do Theatro Municipal e muitos manifestantes se concentraram nas escadarias da Câmara Municipal do Rio.

Os manifestantes foram acompanhados por dezenas de camelôs, que vendiam comida, bebidas, máscaras, bandeiras do Brasil a R$ 10 e até adesivos contra a Copa do Mundo, comercializados a R$ 1 cada.

A mobilização desta segunda-feira não contou com a participação do Fórum de Lutas, grupo que ajudou a convocar as manifestações anteriores no centro do Rio. Os integrantes do Fórum de Lutas planejam realizar nesta terça-feira uma plenária para decidir os próximos passo do movimento.

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