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Mortes violentas aumentam 55% em 38 áreas pacificadas no Rio

Das 73 mortes violentas no primeiro semestre de 2015 nas áreas de UPP, 56 foram vítimas de homicídio doloso

17 nov 2015 - 08h30
(atualizado às 08h33)
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Foto: Fernando Frazão / Agência Brasil

O indicador de mortes violentas - soma de homicídio doloso, homicídio decorrente de intervenção policial, roubo seguido de morte e lesão corporal seguida de morte - nas 38 unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) do Rio aumentou 55,3% no primeiro semestre de 2015 na comparação com o mesmo período de 2014.

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De acordo com dados divulgados nessa segunda-feira (16) pelo Instituto de Segurança Pública (ISP), das 73 mortes violentas no primeiro semestre de 2015 nas áreas de UPP, 56 foram vítimas de homicídio doloso. Segundo o ISP, “o aumento dos homicídios dolosos ocorreu, em grande parte, pelo conflito entre facções em maio nas comunidades da região central do Rio (comunidades da Coroa, Fallet, Fogueteiro e São Carlos), quando 11 pessoas morreram”.

No primeiro semestre de 2015, seis policiais foram mortos em serviço nas UPPs do Alemão, da Cidade de Deus, da Fazendinha e de São Carlos. No primeiro semestre de 2014, cinco policiais morreram em serviço.

Para o sociólogo da Universidade Federal Fluminense (UFF), Rodrigo Monteiro, o número indica que há um esgotamento desse modelo de policiamento em decorrência da ausência de um projeto claro de transformação, de mudança no comportamento da Polícia Militar e na relação da polícia com o morador das regiões onde estão as UPPs.

“A UPP não conseguiu acabar de vez com o tráfico armado nem se estabelecer como poder legítimo na favela, por causa de muitas falhas na formação do policial. A relação do policial com o morador, inclusive o traficante, se desgastou muito porque ele começou a tentar controlar a vida social da favela sem ter consentimento para isso. Por exemplo, proibir festas juninas e o baile funk, entre outros. Não teve apoio de grande parte dos moradores para que o projeto fosse à frente. Isso fortaleceu o tráfico.”

Monteiro afirmou que o projeto da UPP é falho porque não deu certo a ideia de o policial abandonar o uso do fuzil dentro da comunidade. “A própria ideia de uma polícia com maior interação com o morador não ocorreu. Eles continuam muito isolados na maioria das favelas. O morador acabou ficando irritado com a UPP na medida em que ela foi assumindo um poder que não deveria ter assumido, como regular a festa na rua. O policial resolveu controlar de forma arbitrária.”

O sociólogo acrescentou que é necessário repensar o modelo de combate às drogas, que ainda usa a lógica do enfrentamento violento.

“O policial não desarmou a ideia de que o tipo de enfrentamento ao consumo e à venda de drogas não produz o resultado desejado pelo conjunto da sociedade. Enfrentar a droga dessa forma não resolve o problema porque continua matando muita gente, continua gerando muita corrupção. Essa proibição irrestrita tem de ser repensada.”

Agência Brasil Agência Brasil
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