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Morte trágica de 233 jovens em discoteca no RS abala o Brasil

27 jan 2013 - 21h31
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O Brasil despertou neste domingo vivendo um pesadelo com a morte de 233 pessoas, em sua maioria jovens universitários, em um incêndio que arrasou esta madrugada a discoteca Kiss da cidade de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, a pior tragédia deste tipo no país em mais de meio século.

A tragédia, que também deixou 106 feridos, afundou na dor e no pranto esta cidade situada no coração do Rio Grande do Sul e onde familiares das vítimas faziam fila esta noite em um centro esportivo improvisado como necrotério para tentar identificar seus filhos, irmãos e amigos.

Segundo os relatos dos sobreviventes, o incêndio aconteceu por volta das 2h30, quando um integrante da banda Gurizada Fandangueira, que se apresentava no palco, acendeu um material pirotécnico conhecido como "chuva de prata", cujas faíscas atingiram a espuma utilizada como isolante acústico no teto do estabelecimento.

A partir desse momento, o pânico e o caos tomaram conta das centenas de pessoas que estavam no estabelecimento na noite do sábado e cujo número não pôde ser detalhado pelas autoridades.

Entre as vítimas há vários estudantes das faculdades de agronomia, veterinária, tecnologia de alimentos, zootecnia, tecnologia em agronegócio e pedagogia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) que realizavam uma festa de integração.

Essa circunstância tingiu de luto a comunidade universitária do país e especialmente a de Santa Maria, uma cidade de 261 mil habitantes, conhecida por ser um polo estudantil, onde mais de 10% de seus habitantes são alunos da UFSM e de outras sete instituições superiores.

Por enquanto, o único estrangeiro confirmado entre as vítimas fatais é o paraguaio Guido Ramón Brítez Burro, de 21 anos, estudante de zootecnia na UFSM.

Sem se repor ainda do impacto inicial, as autoridades começaram as investigações das causas do desastre, mas tudo aponta para a versão dos sobreviventes, que um material pirotécnico desencadeou as chamas.

"Não deveria haver show pirotécnico em um espaço fechado", disse o coronel Adriano Krukoski, do corpo de bombeiros de Porto Alegre, que viajou para a área do desastre.

À parte da imprudência dos artistas, falhas nas condições de segurança do local e uma possível capacidade maior ao permitido também estão entre os fatores que podem ter agravado a tragédia.

A licença municipal de funcionamento da discoteca estava vencida desde agosto do ano passado, não havia saídas de emergência e os encarregados da segurança, segundo algumas denúncias, chegaram a fechar as portas em um primeiro momento para evitar que, cheia de pânico, o público saísse sem pagar a conta.

"Os seguranças trancaram a saída das pessoas que estavam no local e não permitiram que saíssem rapidamente e isso gerou pânico, um tumulto", disse o comandante do Corpo de Bombeiros do Rio Grande do Sul, coronel Guido de Melo.

Os bombeiros demoraram cerca de três horas para apagar as chamas e quando finalmente puderam entrar no lugar encontraram uma cena dantesca, de corpos amontoados a poucos metros da porta de saída.

Melo acrescentou que muitos dos presentes morreram por inalação de fumaça ou pisoteados, versão que foi confirmada por sobreviventes que viram pilhas de corpos perto da saída.

"Vi as pessoas amontoadas e mortas perto da saída", disse Melo a jornalistas.

Sobreviventes relataram que em seu desespero para escapar do inferno em que se transformou a discoteca, se formou uma correria que fez com que muitos tropeçassem e caíssem no meio da escuridão e da densa fumaça que cobria o local.

Uma catástrofe dessa magnitude por causa de um incêndio não era registrada no Brasil desde o dia 17 de dezembro de 1961, quando o Grande Circo Americano foi arrasado pelo fogo durante uma apresentação na cidade de Niterói, vizinha do Rio de Janeiro, com o saldo trágico de 503 mortos, segundo dados extraoficiais.

A comoção levou a presidente Dilma Rousseff a deixar a cúpula da Celac-UE, que era realizada em Santiago do Chile, para se dirigir para Santa Maria, onde visitou o hospital da Caridade, um dos que mais feridos recebeu, e o Centro Municipal de Esportes, improvisado como necrotério.

Dilma declarou três dias de luto nacional e pôs à disposição das autoridades locais toda a ajuda que for necessária para atender os feridos e os familiares de todos os atingidos por esta tragédia.

EFE   
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