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Morales descarta conflito com Dilma por caso de senador boliviano

30 ago 2013 - 14h55
(atualizado às 15h37)
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<p>O senador boliviano Roger Pinto Molina, 53 anos, &eacute; piv&ocirc; de crise diplom&aacute;tica entre os dois pa&iacute;ses</p>
O senador boliviano Roger Pinto Molina, 53 anos, é pivô de crise diplomática entre os dois países
Foto: Valter Campanato / Agência Brasil

O presidente da Bolívia, Evo Morales, garantiu nesta sexta-feira que "nenhum grupo" conseguirá fazê-lo entrar em conflito com a presidente Dilma Rousseff, e afirmou que tentará solucionar com ela, através do diálogo e com "maturidade política", a crise diplomática aberta entre ambos os países por conta da saída do senador boliviano Roger Pinto Molina.

"Tantos problemas se apresentam (com o Brasil) e resolvemos. Resolvemos mediante o diálogo direto às vezes de presidente com presidente. Vamos buscar esse caminho certamente", prometeu Morales em entrevista coletiva em Paramaribo, onde participa da cúpula da União das Nações Sul-americanas (Unasul).

Em sua opinião, existem "alguns grupos no Brasil que querem um conflito", mas "não vão conseguir", porque "somos presidentes eleitos" e existe uma "maturidade política" em ambas as partes.

Os dois líderes devem se reunir hoje para tratar da crise aberta por causa da saída do senador Roger Pinto da Bolívia, que estava asilado na embaixada do Brasil em La Paz desde maio de 2012, sem o respectivo salvo-conduto e com a cumplicidade de um diplomata brasileiro. Roger Pinto conseguiu deixar a Bolívia e entrar no Brasil no último sábado, o que provocou a saída de Antonio Patriota do Ministério das Relações Exteriores.

O presidente boliviano pediu na quarta-feira que o governo brasileiro mandasse o senador de volta à Bolívia para que ele possa responder às acusações de corrupção contra si. O governo boliviano exigiu "explicações" do Brasil pela saída do senador, a quem classificou como "foragido", já que foi condenado em um processo por corrupção e é réu em outros casos, mas ao mesmo tempo assegurou que esse episódio não vai afetar as relações "estreitas" entre os dois países.

"Eu não tenho que julgar o embaixador ou ex-embaixador do Brasil na Bolívia. É um tema interno do Brasil. Quero ser muito responsável. Agora, nós nunca consideramos que Roger Pinto era um asilado político. Repito novamente: é um criminoso que tem que ser julgado pela Justiça", defendeu Morales. "É importante que todos os governos, não só da América do Sul, da América Latina e do Caribe, mas do mundo inteiro, contribuam na luta contra a corrupção", disse.

Segundo Morales, "às vezes a classe política se desgasta porque em alguns países há abusos de poder e corrupção", mas "nenhum governo pode proteger ou acobertar corruptos". "Nosso grande interesse é certamente que nos devolvam os acusados para serem submetidos à Justiça boliviana, pela via jurídica ou pela política. Isso é o que quer o governo nacional", defendeu.

Morales detalhou que o encontro previsto entre ambas as partes para hoje não é só para abordar esse tema, mas "outros temas e acordos que precisamos revisar". O presidente boliviano também mencionou o conflito que o Equador mantém com a companhia petrolífera Chevron que já dura cerca de duas décadas e que a empresa levou para um tribunal internacional de arbitragem. Morales disse "admirar a luta justa" do presidente equatoriano, Rafael Correa.

"Quem não é vítima das transnacionais?", perguntou o líder boliviano durante a entrevista coletiva, na qual expressou "toda" sua "solidariedade e apoio" ao governo equatoriano. Morales afirmou que "não é possível que as empresas, petrolíferas especialmente, estejam acima de nossas constituições e políticas de Estado. Não aceitaremos isso".

Além disso, lamentou que "quase sempre que enfrentamos as transnacionais (no âmbito doméstico) nós ganhamos", mas quando "somos levados aos tribunais internacionais, são sempre as empresas que ganham, nunca os Estados. Isso é um erro". "Os investidores do exterior, da Europa e dos EUA, querem em primeiro lugar segurança jurídica para o seu dinheiro e para suas empresas, não para a pátria e o povo", criticou Morales.

Por isso, defendeu a ideia de que Unasul discuta formas de se garantir que "países e investidores que vêm de fora respeitem nossas legislações nacionais primeiro".

EFE   
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