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Militar brasileiro no Haiti diz que maior medo é com a violência

15 jan 2010 - 10h53
(atualizado às 11h39)
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O segundo-sargento da enfermaria Ricardo Moreira da Silva, no Haiti há seis meses junto com a missão de paz da Organização das Nações Unidas (ONU), afirmou para a sua família que a situação no país é caótica depois do terremoto de terça-feira. "Não aconteceu nada com ele, pois na hora ele saiu para jogar volei", disse à Agência Brasil o irmão do segundo sargento, o professor Marcelo Moreira da Silva.

Mulher tapa o nariz com um lenço enquanto passa próximo a corpos
Mulher tapa o nariz com um lenço enquanto passa próximo a corpos
Foto: AFP

O militar afirmou à família que o chão continua tremendo no país. "Ele disse que parece uma gelatina, mas que no momento o maior medo não é um novo terremoto e sim a violência: estão ocorrendo muitos saques, as pessoas estão desesperadas".

O professor disse também que o militar, que trabalha como enfermeiro, está há três dias usando a mesma roupa. "O exército está dando tudo. Para eles, não falta água ou comida. Mas a vontade de ajudar é tanta que todos estão há três dias sem dormir praticamente, trabalhando sem parar", disse.

"Eles não têm onde dormir e estão descansando embaixo de uma árvore: meu irmão disse que quando eles se deitam, ouvem o choro das vítimas ou dos parentes e não conseguem parar, voltam ao trabalho para ajudar".

Silva afirmou que o irmão está disposto a continuar ajudando o povo haitiano: "Ele disse que só deixará o Haiti quando mandarem, porque tem muita gente para atender, muito trabalho a fazer. A força da vontade de ajudar é maior do que tudo", disse.

Terremoto

Um terremoto de magnitude 7 na escala Richter atingiu o Haiti nessa terça-feira, às 16h53 no horário local (19h53 em Brasília). Com epicentro a 15 km da capital, Porto Príncipe, segundo o Serviço Geológico Norte-Americano, o terremoto é considerado pelo órgão o mais forte a atingir o país nos últimos 200 anos.

Dezenas de prédios da capital caíram e deixaram moradores sob escombros. Importantes edificações foram atingidas, como prédios das Nações Unidas e do governo do país. O presidente haitiano, René Préval, afirmou que pelo menos 7 mil pessoas mortas no terremoto já foram enterradas em uma vala comum. O Haiti é o país mais pobre do continente americano.

Morte de brasileiros

A fundadora e coordenadora internacional da Pastoral da Criança, Organismo de Ação Social da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Zilda Arns, e militares brasileiros da missão de paz da ONU morreram durante o terremoto no Haiti.

O ministro da Defesa, Nelson Jobim, e comandantes do Exército chegaram na noite de quarta-feira à base brasileira no país para liderar os trabalhos do contingente militar brasileiro no Haiti. O Ministério das Relações Exteriores do Brasil anunciou que o país enviará até US$ 15 milhões para ajudar a reconstruir o país. Além dos recursos financeiros, o Brasil doará 28 t de alimentos e água para a população do país. A Força Aérea Brasileira (FAB) disponibilizou oito aeronaves de transporte para ajudar as vítimas.

O Brasil no Haiti

O Brasil chefia a missão de paz da ONU no país (Missão das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti, ou Minustah, na sigla em francês), que conta com cerca de 7 mil integrantes. Segundo o Ministério da Defesa, 1.266 militares brasileiros servem na força. Ao todo, são 1.310 brasileiros no Haiti.

A missão de paz foi criada em 2004, depois que o então presidente Jean-Bertrand Aristide foi deposto durante uma rebelião. Além do prédio da ONU, o prédio da Embaixada Brasileira em Porto Príncipe também ficou danificado, mas segundo o governo, não há vítimas entre os funcionários brasileiros.

Agência Brasil Agência Brasil
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