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MediaON

Jornalismo cultural deve saber dia e hora que será consumido

6 dez 2012 - 19h59
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Thiago Tufano
Direto de São Paulo

O futuro do jornalismo cultural está sendo discutido na 4º edição do Rumos - Seminário Internacional Rumos Jornalismo Cultural e, no fim da tarde desta quinta-feira em São Paulo, o tema debatido foi "Curadoria de Informação e Jornalismo Cultural na Era Digital". Javier Celaya, criador do portal cultural espanhol dosdoce.com, fundado para incentivar entidades do setor cultural, afirmou que para que sua área se mantenha viva é preciso saber o dia e a hora que o conteúdo cultural será consumido.

"A partir de agora a vantagem competitiva do jornalista cultural é saber o dia e a hora que o conteúdo é consumido. Isso é o mais importante. Eu, como usuário, preciso ser descoberto, recomendado", afirmou Celaya. Além disso, para ele, o futuro definitivamente não será a publicidade. "Não venha me vender coisas. Hoje em dia todos os modelos de negócios são baseados em propagandas, agregar seus dados para fins comerciais. Ninguém mais vai pagar pelos conteúdos, vão pagar pelos serviços ao redor do conteúdo, para saber como encontro as coisas etc. Ou nos aliamos a essas empresas tecnológicas ou não podemos trabalhar sozinhos", argumentou.

Celaya disse ainda que o mundo digital continuará precisando do jornalista, apesar das tecnologias dominarem o mundo da comunicação a cada dia. "Os dados são o petróleo do século 21. Não há nada criativo nos dados, mas no mundo criativo que entramos temos que saber o que acontece com seu conteúdo na internet, o tempo de permanecia na página, se o conteúdo está sendo consumido. A tecnologia não pode fazer tudo e terá que considerar o fator humano", completou.

Giselle Beiguelman, editora da revista seLecT, também participou do debate a respeito do jornalismo cultural e falou sobre a importância do chamado curador da informação: "A massa de dados que nos constrói explica a emergência do curador da informação e o que justifica esse curador são as práticas de compartilhamento. Essa curadoria tem que trabalhar com a inteligência distribuída".

Para a jornalista, o maior desafio do jornalismo cultural contemporâneo e entender que a leitura deixou de ser um ato silencioso e individual e passou a ser um ato social. "Isso é um xeque mate completo da leitura", afirmou. Mànya Millen, editora do suplemento literário do jornal O Globo, falou sobre a preocupação do avanço da tecnologia para o jornalismo impresso. De acordo com ela, a aposta em jovens como a salvação do jornalismo online é bastante perigosa.

"Há uma aposta cada vez mais evidente em jovens, porque dizem que o jovem entende de internet, mas todos têm que embarcar na onda. É uma garotada que chega muito crua, mas preparada em relação à tecnologia. Normalmente os sites ficam na mão da turma que está entrando. É uma garotada ótima, mas falta substância, malícia, jogo de cintura, para fazer filtro na rede", disse ela.

Evento

O 4º Seminário Internacional Rumos Jornalismo Cultural ocorre junto com a 6ª edição do MediaOn. Os eventos discutem o jornalismo e a comunicação no século 21 e como o novo jornalista se comporta - ou deveria se comportar - diante dos fenômenos causados pelas redes sociais, colaboração e mobilidade. Os encontros são promovidos pelo Terra, maior empresa latino-americana de mídia digital, e o Itaú Cultural até a próxima sexta-feira.

Em 2012, o evento conta ainda o apoio da Online News Association, dos Estados Unidos. O seminário é aberto a jornalistas, profissionais de mídia e publicidade, executivos, pesquisadores e estudantes e é transmitido ao vivo pelo Terra na web, em celulares e tablets.

O MediaOn reúne anualmente profissionais do Brasil e do mundo para discutir grandes temas do setor como o futuro da mídia, o impacto das novas tecnologias e como mercado de notícias em geral está lidando com as mudanças radicais no meio.

Fonte: Terra
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