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Copa das Confederações

Manifestantes conseguem furar cerco para protestar em frente ao Maracanã

30 jun 2013 - 15h31
(atualizado às 16h12)
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Nem mesmo o cerco policial no entorno do estádio do Maracanã na manhã deste domingo, antes da partida entre Brasil e Espanha pela final da Copa das Confederações, impediu que algumas pessoas conseguissem realizar pequenas manifestações em frente ao local, o que é em teoria proibido pelas regras da Fifa.

Bem em frente à entrada reservada à mídia na rua Professor Eurico Rabelo, que passa por uma das laterais do estádio, um pequeno grupo de profissionais da área da saúde, de aventais brancos, erguia um grande cartaz protestando contra o fechamento de hospitais públicos pelo governo do Estado.

"Chegamos cedo, por volta das 10h, sabendo que tentariam impedir a chegada de manifestações perto do estádio", comentou um dos manifestantes, o protético Isaac Ferreira Sena, de 41 anos, que segurava uma das pontas do cartaz.

Do outro lado, estava o acupunturista Antonio Carlos, de 54 anos, que pediu que seu sobrenome não fosse divulgado por temer represálias por parte do governo. "Percebemos que aqui é um ponto estratégico para termos visibilidade", disse.

Ele disse que manteria o protesto na porta do Maracanã pelo tempo que permitissem que o grupo ficasse no local. "Isto não é um protesto partidário, estamos só falando a verdade, não estamos inventando nada", disse. "Afinal, isto é uma democracia ou não é? Não estamos quebrando nada, só falando a realidade", argumentou.

Em uma volta rápida no entorno do estádio era possível observar várias outras manifestações, incluindo algumas de cunho religioso. Uniformizados, centenas de fieis da igreja evangélica Assembleia de Deus de Madureira entregavam panfletos aos torcedores que chegavam para assistir à partida.

"Aqui há gente de todo o mundo, então estamos aproveitando para evangelizar. Queremos mostrar que Jesus Cristo é a maior de todas as vitórias", disse um dos fieis, o bombeiro Vítor Torres, de 26 anos. Segundo ele, ninguém do grupo tinha ingresso para assistir à partida.

Consultada pela reportagem da BBC Brasil, a Fifa se limitou a dizer que a entidade e o Comitê Organizador Local (COL) "respeitam plenamente o direito de as pessoas se expressarem".

"Continuaremos a acompanhar a situação e temos plena confiança no trabalho de segurança das autoridades locais para a Copa das Confederações", complementa a resposta enviada pela entidade por e-mail.

Proteção dos animais

Em outro dos portões do estádio, a professora aposentada Ione de Oliveira Franco, de 73 anos, e o vigia Joel Avelino Torres, de 43, que se identificam como "protetores independentes dos animais", carregavam cartazes pedindo ações do governo na área.

"Estamos indignados com o que esses governos estão fazendo com o nosso país. Gastaram mais de R$ 1 bilhão com um estádio que já estava pronto, mas não oferecem hospitais gratuitos para os animais", reclamava Torres. "Os animais também pagam impostos, nós pagamos por eles", argumentou.

Para Franco, mesmo as demandas particulares como as suas podem ser ouvidas em grandes protestos como os que têm ocorrido nos últimos dias pelo país. "A prefeitura e o governo estão vendo que precisam ouvir todas as pessoas, independentemente das demandas", disse.

Ambos dizem ser ativistas e participantes de protestos de longa data e dizem ver de maneira positiva a onda recente de manifestações. "As pessoas acordaram para os protestos. O povo agora tomou gosto, não sai mais das ruas", disse.

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