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Manifestantes celebram vitória em São Paulo, mas mantêm críticas aos governos

21 jun 2013 - 03h10
(atualizado às 08h35)
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São Paulo, a cidade onde começaram os protestos que mobilizaram o Brasil, celebrou até a madrugada desta sexta-feira, com uma grande festa, a vitória pela redução das tarifas de transporte, mas continuam outras reivindicações com palavras de ordem e cartazes.

Mais de 100 mil pessoas se concentraram na Avenida Paulista, em uma manifestação pacífica na qual o único incidente aconteceu devido ao desejo do movimento de continuar sem vínculos com os partidos políticos.

Alguns manifestantes hostilizaram pessoas com roupas vermelhas e militantes do Partido dos Trabalhadores (PT), além de queimarem uma bandeira desse grupo político.

"Meu partido é meu país", gritavam os manifestantes, que não querem que partidos políticos tentem se apropriar do movimento.

Algumas horas antes, o presidente do PT, Rui Falcão, convocou a militância do partido a se juntar à festa com bandeiras e a formar uma "onda vermelha" na Avenida Paulista.

A atitude de Falcão foi muito criticada nas redes sociais e pelos líderes do Movimento Passe Livre (MPL), que convocou as manifestações. A onda que se vê nas ruas é verde e amarela, cores presentes nas bandeiras, camisetas e nos rostos dos manifestantes.

"O povo brasileiro está nas ruas. Não há palanques, não há sindicatos, não há partidos. É um movimento novo", disse o sociólogo Gilbert Zarnati, de 55 anos, feliz com a festa e com essa novidade na vida política do país.

Os líderes do MPL informaram que depois desta festa, vão se retirar das manifestações, pois conseguiram o objetivo, que era reduzir as tarifas do transporte.

As manifestações já eram dispersas por conta do caráter horizontal de liderança proposto pelo MPL e agora é difícil saber o futuro do movimento criado.

A falta de líderes complicou o trabalho da polícia. "Não há uma liderança, uma coordenação. Não sabemos nunca o que vão fazer, qual é a pauta", disse o coronel Marcelo Pignatari, responsável pelo comando da Avenida Paulista. A solução foi monitorar as redes sociais, explicou.

Sem o MPL, diversos grupos estão convocando novas manifestações em todo o país, através da internet.

Os cidadãos têm muitos motivos para protestar, mas os principais são a corrupção e os gastos exagerados de dinheiro público em grandes eventos esportivos, como o Mundial de 2014.

O transporte público, que originou os protestos, continua na pauta, apesar da decisão dos governantes de reduzir os preços das tarifas devido à ação dos manifestantes, pois o serviço ainda é considerado inseguro e ineficaz.

"Este país está uma vergonha", disse Patrícia Helen de Oliveira, uma professora de educação física que protestava contra um projeto de lei aprovado na Comissão de Direitos Humanos do Congresso que permite a chamada "cura gay".

O projeto autoriza o tratamento psicológico para mudar a orientação sexual dos homossexuais. Patrícia, que é lésbica, disse que vai continuar apoiando os protestos até a Copa do Mundo, se for necessário.

O PT e a presidente Dilma foram os mais criticados na passeata paulista. Um dos principais slogans dos protestos, "Vem! Contra o aumento!", que era usado contra as tarifas de ônibus, agora é: "Vem! Contra o Governo!".

"Precisamos de uma nova Constituição. Queremos que o carrasco corte o próprio pescoço", disse o empresário e estudante de política Felipe Gini. "A democracia participativa deveria ser uma lei federal", reivindicou.

EFE   
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