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Lava Jato: desvio em contratos de publicidade pode ser maior

Sérgio Moro afirmou que a dimensão dos crimes envolvendo contratos de publicidade do governo são maiores do que a cogitada inicialmente pelos investigadores

15 abr 2015 - 10h01
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O juiz Sérgio Moro, responsável pelas investigações da Operação Lava Jato, disse nesta terça-feira que a dimensão dos crimes envolvendo contratos de publicidade do governo são maiores do que a cogitada inicialmente pelos investigadores. A conclusão consta na decisão em que Moro justifica a manutenção da prisão de Ricardo Hoffmann, diretor da agência de publicidade Borghi/Lowe, para evitar novos crimes.

O juiz diz que, durante as buscas e apreensões feitas na casa do ex-deputado André Vargas, preso na semana passada na décima primeira fase da Lava Jato, a Polícia Federal (PF) encontrou uma planilha na qual consta que uma das empresas de Vargas recebeu pagamentos de R$ 3,7 milhões “por parte de duas centenas" de empresas ligadas ao ramo publicitário.

<p>O juiz S&eacute;rgio Moro, respons&aacute;vel pelas investiga&ccedil;&otilde;es da Opera&ccedil;&atilde;o Lava Jato</p>
O juiz Sérgio Moro, responsável pelas investigações da Operação Lava Jato
Foto: Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil

A PF suspeita que a agência Borghi/Lowe, que presta serviços ao Ministério da Saúde e à Caixa Econômica Federal, contratou as agências E-noise, Luis Portela, Conspiração, Sagaz e Zulu e orientou que pagamentos de bônus de volume (comissões pela veiculação) fossem feitos às empresas Limiar e LSI, controladas por André Vargas e seus irmãos. De acordo com o juiz, foram identificados pela Receita Federal “pagamentos vultosos” sem a comprovação dos serviços.

Na decisão proferida nesta terça, Moro diz que, em depoimento à PF, Hoffmann confirmou que houve uma determinação para que os pagamentos de bônus de volume fossem feitos em troca da indicação de clientes privados.

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"Esses créditos foram cedidos a LSI e Limiar [empresas de Vargas], tendo como contrapartida a perspectiva de se conseguir clientes privados no estado do Paraná; que essa foi a promessa dada pelo ex-deputado André Vargas; que essa perspectiva não foi atendida, não conseguindo o ex-deputado angariar cliente algum para a Borghi/ Lowe; que a decisão de ceder os créditos dos fornecedores às empresas LSI e Limiar foi de José Borghi, presidente de Borghi/Lowe”.

Segundo Moro, a confirmação dos pagamentos revela, a princípio, que o dinheiro era oriundo da Administração Pública. "A falta, em princípio, de consistência do depoimento reforça o quadro probatório no sentido de que os valores pagos pela Borghi/Lowe, por intermédio dos prestadores de serviço, a André Vargas, consistiram em propina paga pela agência de publicidade a André Vargas por contratos com a Administração Pública Federal”.

O juiz, ao mesmo tempo, mandou soltar Ivan Vernon, ex-assessor do PP, Elia Santos da Hora, ex-secretária de Luiz Argôlo, e Leon Vargas, irmão de André Vargas. Todos foram presos na semana passada pela Polícia Federal.

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Agência Brasil Agência Brasil
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