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Jornalistas rejeitam uso de coletes da PM em protestos

28 fev 2014 - 19h51
(atualizado às 19h55)
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Em reunião plenária nesta sexta-feira, no Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo, os profissionais repudiaram o uso de colete de identificação, fornecido pela Polícia Militar, para a cobertura de manifestações. Segundo o texto aprovado no encontro, a única forma de identificação aceita pela categoria é a carteira profissional. Os coletes foram oferecidos pela corporação, no protesto do último sábado .

"O jornalista não se sente tranquilo ao se identificar previamente para autoridades. Ainda mais em uma manifestação em lugar público. Isso não tem sentido. Mas se reserva o direito de utilizar o equipamento de proteção em situações específicas", ressaltou o presidente do sindicato, José Augusto Camargo. A nota com as deliberações será enviada para as autoridades. Camargo disse ainda que está marcando reuniões com a direção de veículos de comunicação para discutir o fornecimento de equipamentos de proteção individual (EPI), como máscaras e capacetes.

No protesto contra a Copa, no último sábado, no centro da capital paulista, 19 jornalistas foram detidos ou agredidos. O coronel da PM, Celso Luiz Pinheiro, comandante do policiamento da região central da cidade, disse que o uso de equipamentos de proteção, por parte dos jornalistas, dificultou a distinção dos profissionais da imprensa, em relação aos black blocs. De acordo com o secretário de Segurança Pública, Fernando Grella, na ocasião, a PM disponibilizou 200 coletes de identificação para os repórteres, e pretende manter essa medida em futuras manifestações. "Oficialmente, a única identificação aceitável é o registro profissional, o que não se confunde com o direito de livre expressão e de registrar individualmente os fatos, prerrogativa de todo cidadão", ressalta a nota do sindicato. Também participaram da reunião a Associação dos Repórteres Fotográficos de São Paulo e o Sindicato dos Advogados de São Paulo.

Desde junho do ano passado, a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) contabilizou 68 casos de agressões a jornalistas, em coberturas de manifestações na capital paulista. Do total, 62 foram praticadas por policiais, e entre elas, 36 casos, mesmo depois de os profissionais terem se identificado como imprensa.

Para Camargo, a violência contra jornalistas muitas vezes parte de policiais mal-intencionados, que agem acobertados pelo anonimato. "A gente tem uma série de depoimentos em que policiais vão para o confronto e retiram a identificação. Quer dizer, esse policial que tira a identificação, quer agir no anonimato. Se o policial já está predisposto a fazer isso, a agir no anonimato, com segundas ou terceiras intenções, se ele é filmado ou fotografado, ele vai ter uma reação violenta", pontuou.

O presidente do sindicato dos jornalistas cobra punição para os casos de abuso. Para ele, a a impunidade favorece a repetição do comportamento indevido. "A própria corporação e o governo têm que identificar e punir esses maus profissionais. Esses policiais, sob todo e qualquer aspecto, depõem contra a instituição democrática do Estado brasileiro", disse.

Agência Brasil Agência Brasil
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