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Jornal: nova pane da Air France revive debate sobre AF 447

6 set 2011 - 12h31
(atualizado às 14h16)
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Um voo da Air France em julho deste ano sofreu problemas técnicos similares aos do avião que caiu sobre o Atlântico em maio de 2009, divulgou a mídia francesa nesta terça-feira, reacendendo o debate sobre as causas do desastre.

Voo AF 447 caiu no Oceano Atlântico em maio de 2009
Voo AF 447 caiu no Oceano Atlântico em maio de 2009
Foto: AFP

Investigadores contaram ao jornal francês Le Figaro que os detalhes do último incidente envolvendo um dos Airbus da empresa fizeram com que eles repensassem o que provocou a queda do voo AF 447 na costa do Brasil, em 2009.

Até agora os investigadores não culparam explicitamente os pilotos pelo desastre de 2009, que matou 228 pessoas - mas seus relatórios destacaram erros que, segundo eles, foram cometidos na cabine do voo.

Os sindicatos dos pilotos e a Air France insistem que o equipamento de voo defeituoso foi o culpado. Tanto a Airbus como a Air France estão enfrentando acusações criminais na França e processos em ambos os lados do Atlântico.

Na edição online desta terça-feira o Figaro disse que havia obtido um relatório sobre um incidente em um voo da Air France de Paris a Caracas em julho. "Este incidente certamente ganha importância à luz do acidente Rio-Paris", disse uma fonte próxima à investigação. "Vai nos ajudar a entender se houve um problema com o Airbus ou no treinamento recebido pela tripulação no manuseio da aeronave em alta altitude", afirmou.

Dois tripulantes ficaram feridos no incidente de julho, que ocorreu com o Airbus A340, mas não houve vítimas, disse o Figaro.

O BEA, órgão francês encarregado das investigações, confirmou estar averiguando o caso, mas se recusou a dizer se o voo experimentou problemas similares aos que levaram à queda do Airbus A330 em 2009.

O Le Figaro disse que o relatório mostrou que, assim como o AF 447, o voo A 340 passou por grande turbulência enquanto voava a 35 mil pés e acelerou rapidamente, fazendo com que o piloto automático se desligasse.

O jato, então, ganhou altitude rapidamente e perdeu velocidade, como no AF 447, mas conseguiu manter-se voando graças à redução da turbulência e à rápida resposta da tripulação, disse o jornal. A Air France não estava disponível para comentar o caso.

O acidente do AF 447

O voo AF 447 da Air France saiu do Rio de Janeiro com 228 pessoas a bordo no dia 31 de maio de 2009, às 19h (horário de Brasília), e deveria chegar ao aeroporto Roissy - Charles de Gaulle de Paris no dia 1º às 11h10 locais (6h10 de Brasília). Às 22h33 (horário de Brasília) o voo fez o último contato via rádio. A Air France informou que o Airbus entrou em uma zona de tempestade às 2h GMT (23h de Brasília) e enviou uma mensagem automática de falha no circuito elétrico às 2h14 GMT (23h14 de Brasília). Depois disso, não houve mais qualquer tipo de contato e o avião desapareceu em meio ao oceano.

Os primeiros fragmentos dos destroços foram encontrados cerca de uma semana depois pelas equipes de busca do País. Naquela ocasião, foram resgatados apenas 50 corpos, sendo 20 deles de brasileiros. As caixas-pretas da aeronave só foram achadas em maio de 2011, em uma nova fase de buscas coordenada pelo Escritório de Investigações e Análises (BEA) da França, que localizou a 3,9 mil m no fundo do mar a maior parte da fuselagem do Airbus e corpos de passageiros em quantidade não informada.

Após o acidente, dados preliminares das investigações indicaram um congelamento das sondas Pitot, responsáveis pela medição da velocidade da aeronave, como principal hipótese para a causa do acidente. No final de maio de 2011, um relatório do BEA confirmou que os pilotos tiveram de lidar com indicações de velocidades incoerentes no painel da aeronave. Especialistas acreditam que a pane pode ter sido mal interpretada pelo sistema do Airbus e pela tripulação. O avião despencou a uma velocidade de 200 km/h, em uma queda que durou três minutos e meio. Em julho de 2009, a fabricante anunciou que recomendou às companhias aéreas que trocassem pelo menos dois dos três sensores - até então feitos pela francesa Thales - por equipamentos fabricados pela americana Goodrich. Na época da troca, a Thales não quis se manifestar.

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