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Oriente Médio

Israel: Brasil reconhecer Estado palestino de 67 prejudica paz

3 dez 2010 - 21h15
(atualizado às 22h16)
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Israel manifestou nesta sexta-feira sua "decepção" pela decisão do Governo brasileiro de reconhecer o Estado palestino pelas fronteiras de 1967, alegando que repercutirá negativamente no processo de paz no Oriente Médio. O reconhecimento inclui os territórios palestinos ocupados por Israel na Guerra dos Seis Dias, ocorrida naquele ano.

"Toda tentativa de buscar atalhos para esse processo e determinar de antemão e de forma unilateral os temas importantes e polêmicos apenas danificará a confiança entre as partes e seu compromisso em concluir as negociações de paz", disse o Ministério de Assuntos Exteriores israelense em comunicado.

A diplomacia israelense também lamentou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tenha tomado a decisão apenas um mês antes de entregar o cargo à sua sucessora, Dilma Rousseff. Além disso, afirmou que o reconhecimento do Estado palestino representa uma violação dos acordos bilaterais assinados em 1995 e do Mapa de Caminho, o plano de paz apresentado em 2003 pelo Quarteto de Madri, formado por EUA, Rússia, União Europeia e Nações Unidas.

Lula comunicou a decisão por carta ao presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, na quarta-feira passada. O reconhecimento foi uma resposta à solicitação realizada por Abbas em 24 de novembro e é uma posição "coerente" com as resoluções das Nações Unidas, afirmou o Ministério das Relações Exteriores do Brasil em comunicado.

"O reconhecimento do Estado palestino é parte da convicção brasileira de que um processo negociador que resulte em dois Estados convivendo pacificamente e em segurança é o melhor caminho para a paz no Oriente Médio, objetivo que interessa a toda a humanidade", disse a nota.

O Brasil passa a integrar uma lista de mais de cem países que reconhecem o Estado palestino, entre eles todos os árabes, a maior parte da África, além de muitos da Ásia e do leste da Europa. O porta-voz do departamento de Assuntos Relacionados com a Negociação da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), Xavier Abu Eid, disse que outros sete países latino-americanos se mostraram dispostos a manter conversas bilaterais para reconhecer a independência palestina pelas fronteiras de 1967 no momento adequado.

"Esperamos que a decisão do Brasil origine uma onda de reconhecimentos latino-americanos como a que houve após 1988 (por causa da Declaração de Independência Palestina) em outras partes do mundo", disse.

Desde 1975, o Brasil já reconhecia a OLP como "legítima representante do povo palestino" e em 1993 abriu sua primeira legação diplomática nos territórios palestinos. O Governo de Lula intensificou suas relações com os palestinos nos últimos anos e em março realizou uma viagem oficial à região que também incluiu uma visita a Israel. Em sua carta a Abbas, Lula renovou sua oferta mediadora, ao assegurar que o "Brasil estará sempre preparado para ajudar no que for necessário".

Por sua vez, o dirigente palestino Nabil Shaat felicitou o presidente brasileiro por "cumprir com sua palavra" e dar "uma resposta de forma não violenta ao unilateralismo israelense". Shaat afirmou que a decisão de Lula é um "reflexo da histórica amizade e irmandade dos povos brasileiro e palestino" e uma "confirmação do importante papel do Brasil na comunidade internacional".

EFE   
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