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Oriente Médio

Hillary não consegue apoio do Brasil por sanções ao Irã

3 mar 2010 - 17h25
(atualizado às 17h53)
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A secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, não conseguiu obter apoio brasileiro a novas sanções contra o Irã durante visita a Brasília nesta quarta-feira.

Apesar da posição firme da secretária, que disse acreditar que a República Islâmica só vai negociar após receber sanções, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou antes mesmo de reunir-se com Hillary que "não é prudente encostar o Irã na parede".

O Brasil atualmente ocupa uma vaga rotativa no Conselho de Segurança da ONU, e diplomatas norte-americanos têm tentado convencer os integrantes desse grupo a aprovarem novas sanções contra o Irã devido à recusa do país em abandonar seu programa de enriquecimento de urânio.

As atenções estão voltadas principalmente para China e Rússia, que têm poder de veto sobre resoluções do Conselho, mas os EUA também gostariam de convencer membros não-permanentes importantes, como Brasil e Turquia, para apresentar uma frente unida no impasse nuclear contra o Irã.

"Só depois que tivermos aprovado sanções no Conselho de Segurança o Irã irá negociar de boa fé", disse Hillary em entrevista coletiva.

"Essa é minha opinião, essa é a opinião do nosso governo: quando a comunidade internacional falar de forma única sobre uma resolução, então os iranianos vão começar a negociar."

O chanceler Celso Amorim reiterou que o Brasil vê margem para mais dois ou três meses de negociações com o Irã. "Nós acreditamos que ainda há oportunidade de se chegar a um acordo, talvez exija um pouco de flexibilidade de parte a parte", disse ele. "Não se trata de se curvar simplesmente a uma opinião que possa não concordar. Nós não podemos simplesmente ser levados. Nós temos de pensar com a nossa cabeça."

Hillary manifestou frustração com a posição do Brasil, e disse que as negociações com o Irã já haviam se mostrado infrutíferas. "A porta está aberta para as negociações, nunca a fechamos. Mas não vemos ninguém nem a longa distância caminhando em direção a elas", afirmou a secretária.

FINS PACÍFICOS

Lula, que recebeu no ano passado em Brasília o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, e em maio fará uma visita a Teerã, tem alertado repetidamente contra a iniciativa de EUA, França, Grã-Bretanha e Alemanha para aprovar uma quarta rodada de sanções ao Irã.

Esses países temem que a República Islâmica esteja desenvolvendo armas nucleares, mas Teerã afirma que sua intenção é totalmente pacífica, voltada para a geração de energia e a pesquisa.

Lula afirmou a jornalistas que o Brasil apoia o programa nuclear iraniano desde que seja respeitado esse limite. "Se o Irã quiser ir além disso, o Irã irá contra aquilo que está previsto na Constituição brasileira e não podemos concordar", disse Lula.

Ele acrescentou que pretendia manter uma "conversa muito franca" sobre o assunto com Ahmadinejad em maio.

Também na quarta-feira, os Estados Unidos e a União Europeia elevaram o tom da sua retórica, acusando o Irã de adotar uma atitude "provocativa" ao elevar o grau do enriquecimento de seu urânio sem esperar a presença de inspetores internacionais.

Numa tensa reunião a portas fechadas na sede da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA, um órgão da ONU), em Viena, o representante chinês reiterou que Pequim ainda acha que não é hora de novas sanções, segundo relato de um diplomata presente.

Nesta semana, diplomatas disseram à Reuters que as potências ocidentais já haviam preparado uma proposta para a quarta rodada de sanções da ONU ao Irã, e dependiam apenas do aval de China e Rússia para iniciar imediatamente as negociações a respeito. Seria a primeira resolução da ONU com sanções em dois anos.

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