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Geólogo: chuva não é única razão de tragédias como a de Angra

7 jan 2010 - 06h40
(atualizado às 08h52)
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As chuvas não podem ser as únicas responsáveis por tragédias como a que atingiu Angra dos Reis nos últimos dias, após o deslizamento de encostas que já provocaram pelo menos 52 mortes. A falta de planejamento urbano e a ausência de fiscalização sobre as ocupações ilegais também estão entre as causas do problema, na avaliação do professor do Instituto de Geociências da Universidade de Brasília (UnB), José Oswaldo de Araújo.

 As casas em áreas de risco foram evacuadas no Morro da Carioca
As casas em áreas de risco foram evacuadas no Morro da Carioca
Foto: Roosewelt Pinheiro / Agência Brasil

"Não é só culpa da chuva. Grande parte do problema é causada pela intervenção humana que leva ao desequilibro da natureza", disse. Na Ilha Grande, por exemplo, segundo Araújo, a ocupação humana e o corte da vegetação deixaram o solo mais suscetível a infiltrações. Com o acúmulo de água, o solo ultrapassou o limite de saturação e desabou. "Desce como um rio de lama", afirmou.

Segundo o geólogo da UnB, há conhecimento técnico consolidado sobre riscos de ocupações de encostas, mas muitas vezes essas avaliações não são consideradas, mesmo em casos em que os mapeamentos geotécnicos e geológicos apontam riscos de deslizamentos e desabamentos. "É inconcebível que não haja planejamento. E não existe fiscalização suficiente, as pessoas começam a habitar, não existe controle e aí acontecem as tragédias."

Na avaliação de Araújo, a repetição de acidentes com encostas, como os episódios em Santa Catarina e Minas Gerais, mostram a necessidade de mais rigor no cumprimento e fiscalização do ordenamento territorial das cidades. "Não é preciso ser profeta para dizer que, quando as chuvas passarem e a estação seca chegar, ninguém vai falar mais desse assunto e, em janeiro de 2011, novos acidentes vão acontecer", disse o geólogo.

Tragédia em Angra
Deslizamentos de terra causaram dezenas de mortes na madrugada do dia 1º em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro. No centro de cidade, uma encosta cedeu e deslizou por cima de casas no Morro da Carioca. Na Ilha Grande, o deslizamento por conta das chuvas durante a madrugada encobriu a pousada de luxo Sankay, lotada de turistas, e mais sete casas, na enseada do Bananal. Cerca de 120 homens da Defesa Civil, dos Bombeiros e da Marinha participam do resgate.

Agência Brasil Agência Brasil
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