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Força Nacional chega a BA e fazendeiros prometem atos contra índios

19 ago 2013 - 14h35
(atualizado às 14h44)
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Tropas da Força Nacional de Segurança se dirigirão na tarde desta segunda-feira para Buerarema, no sul da Bahia, para reforçar a segurança na região, devido aos conflitos entre índios tupinambás e fazendeiros, por causa da disputa de terras na região.

Apesar de no final de semana não ter havido ocorrências, o clima é tenso na região. Índios que já invadiram mais de 80 fazendas - 25 nas últimas duas semanas -, numa ação que eles chamam de “retomada”, prometem mais ocupações. Fazendeiros que interditaram na sexta-feira a BR-101 por mais de cinco horas em manifestação dizem que vão fazer mais protestos.  

A Força Nacional chegou na noite de domingo a Ilhéus e, na manhã desta segunda-feira, se reuniu com a Polícia Federal (PF) para discutir estratégias de atuação. Devido aos conflitos, o contingente da PF está sendo reforçado, assim como das polícias Civil e Militar.

Também nesta segunda, a PF começará a apurar quem pôs fogo nos três veículos de assistência da saúde indígena, ligados ao Ministério da Saúde. 

A Polícia Civil investigará quem foram os autores do saque à loja da Empresa Baiana de Alimentos, de onde também foram levados equipamentos como computadores, e quem pôs fogo num carro da Agência Estadual de Defesa Agropecuária. Os crimes ocorreram durante a manifestação de sexta-feira.

Outros fatos que serão apurados são quem realizou os disparos contra um caminhão que transportava índios e outros estudantes na última quinta-feira, na região de Serra do Padeiro, onde indígenas invadiram cerca de 40 fazendas, de acordo com o Conselho Indigenista Missionário (Cimi).

No ataque, foram atingidos Lucas Araújo dos Santos, 18 anos, e Rangel Silva Calanzans, 25 anos, que, de acordo com o Cimi, apesar de não serem índios, são estudantes da Escola Indígena Tupinambá da Serra do Padeiro. O caminhão que transportava os índios, de propriedade do cacique Babau, está com uma marca de tiro em um dos vidros. Os atingidos pelos disparos permanecem internados num hospital em Itabuna.

A polícia também vai investigar o relato de fazendeiros sobre um ataque, por parte de índios, a uma mercearia de uma fazenda, na qual teriam sido jogados coquetéis molotov. Não houve feridos no ataque. Fazendeiros e índios dizem que o lado oposto está armado, porém ninguém ainda foi preso por porte ilegal de arma.

Segundo os índios, as invasões são para pressionar o governo federal a publicar a demarcação de 47,3 mil hectares que eles dizem ser área indígena. A área abrange terras dos municípios de Buerarema, Ilhéus e Una. Dentro da área estão cerca de 600 fazendas.

Fazendeiros, que, por medo, estão retirando o gado de suas propriedades, dizem que as invasões têm ocorrido com violência, com índios armados de porrete, flechas, facões e foices. Os produtores rurais exigem o cumprimento de reintegrações de posse emitidas pela Justiça e já com da PF para serem cumpridas.

Ao menos 300 indígenas participam das ocupações - ao todo, o povo tupinambá é composto por cerca de 4,6 mil índios, de acordo com a Associação Nacional Indigenista Missionária. 

Fonte: Especial para Terra
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