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"Fora da ONU posso falar que é golpe", diz Dilma

22 abr 2016 - 22h26
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Após assinar Acordo de Paris na sede das Nações Unidas, presidente conversa com a imprensa brasileira. Dilma reafirma que se sente "vítima de um golpe em curso" e revela que recebeu solidariedade de líderes em Nova York.

Depois de discursar na Assembleia das Nações Unidas em Nova York nesta sexta-feira (22/04), a presidente Dilma Rousseff dedicou uns minutos para conversar com a imprensa brasileira.

"Eu vim à ONU para falar a verdade. E a verdade aqui é a seguinte: tivemos uma grande atuação na COP 21. Sem nós, a conferência não teria o resultado que teve", afirmou ela, justificando o discurso moderado durante sua fala na plenária.

Dilma admitiu que fez uma referência genérica sobre a situação política brasileira. "Agora, eu falo em golpe para a imprensa internacional aqui, porque não estou na ONU", disse a presidente, explicando a conversa prévia que teve com jornalistas estrangeiros na residência do embaixador na cidade.

Segundo Dilma, alguns líderes mundiais reunidos em Nova York manifestaram seu apoio e solidariedade. "Eu me julgo uma vítima, injustiçada. Se eu, que sou presidente, me sinto vítima de um processo ilegal, golpista e conspirador, o que dizer da população do Brasil quando seus direitos forem afetados?", questionou.

A presidente voltou a dizer que um golpe está em curso no país, e que está sofrendo impeachment sem que existam acusações de crime plausíveis. Ela classificou o processo de impedimento como uma "eleição indireta travestida de impeachment".

"Pergunto a vocês: quem assumirá o destino do país? Pessoas ilegítimas, que não tiveram voto como presidente da República, ou que têm, na sua trajetória, acusações de lavagem de dinheiro, conta no exterior e processo contra corrupção?" disse a líder, fazendo referência indireta ao vice-presidente, Michel Temer, e ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha.

O processo, já aprovado pelos deputados, será agora analisado pelo Senado. "Eu vou me esforçar muito. Não só eu, como os ministros da Justiça e da Fazenda. Todos nós vamos debater juntos e dar todas as informações necessárias aos senadores."

Sobre a contra-argumentação da oposição de que o impeachment não é um ato ilegal, Dilma acredita que essa postura é de quem tem medo. "E o medo decorre da absoluta ilegalidade. É subestimar a consciência das pessoas, a capacidade de compreensão das pessoas, tanto dentro do Brasil como fora."

A líder afirmou ainda não que não é contra a convocação de novas eleições, alternativa defendida por algumas alas do PT. "Mas eu acho que tem que ser me dado o direito de defender meu mandato. Eu devo isso aos meus 54 milhões de eleitores", afirmou.

Protestos em Nova York

Do lado de fora da residência do embaixador brasileiro em Nova York, cerca de 15 manifestantes batiam panelas, pediam a saída da presidente e criticavam o fato de Dilma falar com a imprensa.

"A presidente está utilizando as prerrogativas dela como chefe de Estado para sair na imprensa internacional dando entrevista em causa própria, e não do Estado em si", disse Kim Kataguiri, do Movimento Brasil Livre, que viajou do Brasil a Nova York para protestar.

Uma das manifestantes, que trabalha na área de consultoria financeira, deixou o Brasil há um ano e meio para montar uma empresa em Nova York. "Eu soube da manifestação hoje de manhã e vim por livre e espontânea vontade", contou.

No mesmo local, um grupo pró-Dilma gritava frases de apoio enquanto policiais locais se esforçavam para deixar a passagem livre para pedestres entre os manifestantes.

O movimento chamado "Defend democracy in Brazil" é composto, em sua maioria, por mulheres. Entre elas está Natália de Campos, artista de teatro que vive na cidade há 28 anos.

Deutsche Welle A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas.
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