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Fonte Nova tem brecha na segurança e 'penetras' em treino da Itália

21 jun 2013 - 22h22
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Um dia após os violentos protestos em Salvador, que incluíram apedrejamento de ônibus da Fifa e de um hotel da capital baiana que abriga membros da entidade, a segurança na Arena Fonte Nova esteve longe de ser reforçada. O estádio será palco neste sábado da partida entre Brasil e Itália pela Copa das Confederações.

Durante o treino da Itália realizado na tarde desta sexta-feira no estádio, praticamente vazio, uma família assistia tranquilamente à atividade das arquibancadas. Eles estavam sem o crachá obrigatório aos funcionários, voluntários, jornalistas e até mesmo atletas e dirigentes autorizados a circular pelo local em dias em que não há partidas.

Contudo, o treino era - teoricamente - fechado aos torcedores. "Conhecemos um funcionário e ele nos deixou entrar", contou à BBC Brasil o professor de educação física Rildo José de Souza Araújo, de 47 anos, que está em Salvador especialmente para assistir à partida da seleção brasileira no sábado acompanhado da mulher, do filho e de um sobrinho.

Natural de Xapuri, no Acre, e morador de Adamantina, no interior de São Paulo, Araújo disse ter aproveitado a "oportunidade única" de mostrar ao filho, Mateus, de 7 anos, um treinamento no estádio e de verificar pessoalmente os assentos que a família vai ocupar no sábado. Ele disse que isso prova que a segurança no local não está a contento.

"Outras pessoas também poderiam ter entrado aqui", disse ao seu lado sua mulher, a nutricionista Solange Forato, de 40 anos. "A Copa das Confederações é um teste para a Copa do Mundo do ano que vem e isso mostra que ainda tem muito o que melhorar até lá."

Pela manhã, quando a reportagem da BBC Brasil chegou ao estádio, era possível entrar sem passar por nenhum controle de funcionários. As esteiras de raio-x e os detectores de metal montados nas entradas estavam desligados.

Ao questionar uma voluntária da Fifa que trabalhava no local sobre os procedimentos de segurança que estavam sendo adotados, ela comentou ter estranhado o fato de não haver controle de entrada. "Imagine na Copa", disse, em tom de brincadeira.

Procurada pela reportagem da BBC Brasil para comentar o problema, a Fifa argumentou que quem responde pela segurança do acesso ao estádio é o Comitê Organizador Local da Copa (COL). O COL, por sua vez, não havia respondido ao questionamento até a publicação deste texto.

Futebol e política

Beneficiado pela falta de controle, Rildo Araújo elogiou a beleza do estádio. "De primeiro mundo, nível europeu", afirmou. Ele diz não temer os protestos que vêm acontecendo nas imediações dos estádios da Copa das Confederações a cada partida do torneio.

Sentado à sua frente, o agente de viagens Igor Souza, de 33 anos, seu sobrinho, dizia apoiar os protestos e afirmou que é possível separar futebol e política, para continuar apoiando a seleção brasileira.

"Um dos problemas da Copa é que haviam prometido com ela todo um pacote de obras e investimentos que beneficiariam as pessoas e não serviriam só para a Copa do Mundo. Mas até agora, só se viu gastarem dinheiro com estádios", disse. "É vergonhoso ver a situação de nossos aeroportos, por exemplo."

Para ele, esse sentimento de frustração acabou se juntando à oportunidade do momento, quando os holofotes da mídia internacional estão voltados para o Brasil, para que as manifestações acontecessem.

Solange concorda. "Os protestos não são contra a seleção, são contra tudo o que foi prometido e não cumpriram", disse.

O estádio da Fonte Nova, de 50 mil lugares, teve 97% de seu custo de reconstrução, de R$ 592 milhões, financiado por verbas públicas do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e do BNB (Banco do Nordeste do Brasil).

Desde a reinauguração, no início de maio, o estádio enfrentou uma série de problemas, incluindo o desabamento de parte da cobertura, poucos dias após a reabertura, e o trincamento de um viaduto de acesso ao estacionamento, a menos de uma semana do início da Copa das Confederações.

A partida entre Brasil e Itália será a segunda realizada no estádio na Copa das Confederações, após a vitória do Uruguai sobre a Nigéria, na quinta-feira. A Fonte Nova também vai abrigar a disputa do teceiro lugar na competição, no dia 30.

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