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Fluxo migratório brasileiro é intrarregional, mostram estudos

25 out 2009 - 16h29
(atualizado às 16h54)
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A migração interna brasileira se dá prioritariamente para cidades próximas, dentro de um mesmo Estado, segundo o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) e o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Como segunda opção, as pessoas mudam para Estados dentro de uma mesma região e só em último caso mudam de regiões pobres, como Nordeste e Norte, para as mais ricas, como Sul e Sudeste.

O estudo Perfil do Imigrante Brasileiro, do Ipea, mostra, por exemplo, que no caso dos pessoas que saem do Acre, os Estados de destino são principalmente Rondônia e Amazonas, que absorvem juntos quase 70% dos acreanos que se mudam.

Segundo o coordenador do Núcleo de Informações Sociais do Ipea, Herton Araújo, esse comportamento é influenciado pelo fator econômico. "O custo de migrar para outra região é maior, e com isso o fluxo acaba sendo menor", explica.

Ele destaca que, mesmo assim, o desenvolvimento forte de um Estado puxa o fluxo migratório. É o caso de Santa Catarina e mais recentemente de Goiás, que vem recebendo muitos moradores da região do entorno do Distrito Federal, onde o custo de vida é menor do que o de Brasília.

"Você tem que ver a migração como um sintoma. Onde há migração é sinal de que está acontecendo alguma coisa, ou de ruim no lugar em que as pessoas estão, ou de bom no lugar para onde elas estão indo", afirmou.

Araújo alerta que o Brasil está vivendo um refluxo de imigrantes nordestinos para São Paulo. No início dos anos 2000, a tradição de nordestinos, especialmente os baianos, se mudarem para a capital paulista havia diminuído e eram os paulistanos que estavam perdendo população para o Nordeste, num fenômeno chamado de migração de retorno.

"O que a Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) de 2008 mostrou é que esse fluxo inverteu-se novamente e o Nordeste voltou a mandar mais gente para São Paulo. Agora temos que esperar o Censo de 2010 pra saber melhor o que houve", disse.

Araújo acha que provavelmente o número está influenciado pelo período pré-crise, quando o desenvolvimento estava concentrado principalmente nos grandes centros. O Pnud, que analisou o fluxo migratório de maneira menos detalhada no relatório Ultrapassar Barreiras: Mobilidade e Desenvolvimento Humano, também constatou a necessidade de dar atenção ao fluxo migratório interno dos países, em especial os da América Latina.

"Convém conhecer essa diversidade de pessoas e culturas que o Brasil tem e pensar isso sob a ótica da migração", aconselha a especialista Isabel Pereira no Relatório de Direitos Humanos.

Agência Brasil Agência Brasil
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