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Falso alarme de inundação causa tumulto em Nova Friburgo

14 jan 2011 - 11h48
(atualizado às 12h06)
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Hermano Freitas
Direto de Nova Friburgo

O trauma da tragédia que causou centenas de mortes na região serrana do Rio de Janeiro segue presente na rotina dos moradores de Nova Friburgo. Um boato sobre a possibilidade de inundação com um rompimento da barragem na represa da cidade causou um tumulto por volta das 11h no centro. Houve correria em direção às regiões mais afastadas da represa. A confusão só terminou quando uma patrulha da Polícia Militar (PM) passou desmentindo a informação e garantindo que havia segurança.

Quem saiu para trabalhar na manhã desta sexta-feira sabia qual seria a função: retirar lama do estabelecimento. Esse era o caso da vendedora Bianca da Silva, 25 anos, da costureira Cláudia Martins, 54 anos, e do estoquista Aloilton da Cruz Júnior, 25 anos.

Acostumados à rotina da Suspiro Íntimo, confecção de moda íntima para mulheres, eles terão uma sexta-feira de trabalho removendo o barro que cobre a loja e a fábrica. O local fica na Praça do Suspiro, de onde partiam os teleféricos de Nova Friburgo.

Toneladas de lama cobrem a praça e há suspeita de que pessoas estejam soterradas no local. Nas principais ruas da região central de Nova Friburgo, o barulho de sirenes é constante. Viaturas do Corpo de Bombeiros e da PM passam em emergência pelas ruas ainda alagadas e cobertas de detritos, muitas vezes na contramão.

"Acabou a cidade, né?", diz o mecânico Sebastião da Silva, 65 anos. Ele manifestou alívio por sua casa ainda estar de pé. "Tenho um bom estoque de comida e água, está tudo certo", disse. Ele conversava numa das principais avenidas de Nova Friburgo com o jardineiro Emerson Sales, 38 anos, natural da cidade.

O metalúrgico Ricardo Machado, de Duque de Caxias, Baixada Fluminense, estava na localidade de Conselheiro Paulino no momento em que houve um desbarrancamento e o alarme de rompimento da barragem. "Cheguei a ir até o pico, com gente entrando dentro da janela do meu carro, mas não tive como ajudar e arranquei", disse.

Sobre estabelecimentos que abririam na manhã desta sexta-feira, a maior preocupação é com o fornecimento de água, que está cortado na maior parte da cidade. O lavador de carros Itamar Vieira retirava lama com um carrinho de mão de dentro do seu lava rápido para tentar reabrir o negócio. "Perdemos todas as máquinas, mas temos que tocar para frente", disse.

Ele completou seus 46 anos ontem, no auge dos problemas vividos na cidade. "Queria fazer um churrasquinho, mas vai ficar para a próxima". A chuva não dá trégua em Nova Friburgo e segue caindo com intervalos regulares.

As fortes chuvas que atingiram os municípios da região serrana do Rio nos dias 11 e 12 de janeiro provocaram enchentes e inúmeros deslizamentos de terra. Pelo menos 512 pessoas morreram nas cidades de Teresópolis, Petrópolis e Nova Friburgo. De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), choveu cerca de 300 mm em 24 horas na região - em Nova Friburgo, cidade mais afetada, o valor esperado para o mês de janeiro é de 209 mm. Em Teresópolis, chovia forte desde a madrugada desta sexta-feira, dificultando o trabalho de resgate e identificação de vítimas.

Veja onde foram registradas as mortes:

Fonte: Redação Terra
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