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EUA: famílias do 447 devem entrar com processos na França

16 jun 2011 - 16h53
(atualizado às 19h58)
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As famílias das vítimas americanas do acidente com o voo Air France 447, em 31 de maio de 2009, que apresentaram queixas contra os fabricantes americanos de componentes da aeronave, deverão entrar com suas acusações na França, e não nos Estados Unidos, decidiu a Justiça americana. As famílias querem processar várias companhias -- entre as quais a General Electric, a Honeywell e a Intel -- em território americano, mas um juiz do Tribunal Federal do Norte da Califórnia considerou que é mais apropriado apresentar as queixas na França.

As principais partes da aeronave foram encontradas quase dois anos após o acidente
As principais partes da aeronave foram encontradas quase dois anos após o acidente
Foto: BEA / Divulgação

A questão já tinha sido colocada para o tribunal, que rejeitou o pedido das famílias em outubro de 2010. Após um novo exame, "o tribunal concluiu mais uma vez que os Estados Unidos não são o lugar apropriado" para que façam suas acusações, explicou o juiz Charles Breyer em sua decisão.

Para o magistrado, os recentes acontecimentos da investigação sobre o acidente -- sobretudo com a descoberta das caixas-pretas da aeronave -- fazem com que seja mais lógico ainda a apresentação das queixas na França, e não nos Estados Unidos. "O acesso às provas ficará mais concentrado na França, onde o caso se desenrola até aqui", afirmou o juiz em sua decisão. "Além disso, as autoridades francesas mantêm sua investigação sobre as causas do acidente, e Air France e Airbus foram acusadas de homicídio culposo", acrescentou.

O acidente do AF 447

O voo AF 447 da Air France saiu do Rio de Janeiro com 228 pessoas a bordo no dia 31 de maio de 2009, às 19h (horário de Brasília), e deveria chegar ao aeroporto Roissy - Charles de Gaulle de Paris no dia 1º às 11h10 locais (6h10 de Brasília). Às 22h33 (horário de Brasília) o voo fez o último contato via rádio. A Air France informou que o Airbus entrou em uma zona de tempestade às 2h GMT (23h de Brasília) e enviou uma mensagem automática de falha no circuito elétrico às 2h14 GMT (23h14 de Brasília). Depois disso, não houve mais qualquer tipo de contato e o avião desapareceu em meio ao oceano.

Os primeiros fragmentos dos destroços foram encontrados cerca de uma semana depois pelas equipes de busca do País. Naquela ocasião, foram resgatados apenas 50 corpos, sendo 20 deles de brasileiros. As caixas-pretas da aeronave só foram achadas em maio de 2011, em uma nova fase de buscas coordenada pelo Escritório de Investigações e Análises (BEA) da França, que localizou a 3,9 mil m no fundo do mar a maior parte da fuselagem do Airbus e corpos de passageiros em quantidade não informada.

Após o acidente, dados preliminares das investigações indicaram um congelamento das sondas Pitot, responsáveis pela medição da velocidade da aeronave, como principal hipótese para a causa do acidente. No final de maio de 2011, um relatório do BEA confirmou que os pilotos tiveram de lidar com indicações de velocidades incoerentes no painel da aeronave. Especialistas acreditam que a pane pode ter sido mal interpretada pelo sistema do Airbus e pela tripulação. O avião despencou a uma velocidade de 200 km/h, em uma queda que durou três minutos e meio. Em julho de 2009, a fabricante anunciou que recomendou às companhias aéreas que trocassem pelo menos dois dos três sensores - até então feitos pela francesa Thales - por equipamentos fabricados pela americana Goodrich. Na época da troca, a Thales não quis se manifestar.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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