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Escola é invadida no Rio durante operação policial

20 out 2009 - 18h46
(atualizado em 23/10/2009 às 13h59)
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Supostos traficantes de uma favela do Rio de Janeiro invadiram uma escola pública nesta terça-feira para escapar de um cerco policial, levando pânico a alunos e professores, disseram funcionários e pais de alunos do colégio.

Os policiais estavam atrás dos suspeitos responsáveis pelo ataque do fim de semana que derrubou um helicóptero policial.

De acordo com os funcionários da escola municipal Maria Cerqueira Silva, no Complexo de Manguinhos, zona norte da cidade, professores e alunos se esconderam do tiroteio, após os suspeitos e a polícia terem levado a perseguição para dentro dos muros da escola.

"Quando soube vim correndo para cá para buscar meu filho", disse a jornalistas a mãe de um aluno da escola, que teve as aulas do período da tarde suspensas por questão de segurança.

Cerca de 4 mil policiais estão de prontidão em pontos considerados críticos na zona norte da cidade desde os conflitos iniciados na madrugada de sábado no Morro dos Macacos, que deixaram ao menos 25 mortos, incluindo três inocentes e três policiais que estavam a bordo do helicóptero que foi derrubado por tiros de suspeitos. As outras 19 vítimas seriam criminosos, informou a polícia.

O ministro da Justiça, Tarso Genro, afirmou em Brasília que foi orientado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva a fornecer todo tipo de ajuda ao governo do Rio para combater a criminalidade.

Lula, que na segunda-feira prometeu "limpar a sujeira" causada pelos traficantes, já teria oferecido 100 milhões de reais para equipar a polícia fluminense, de acordo com o governador do Rio, Sérgio Cabral.

"O presidente me deu ordem para que o Rio seja plenamente atendido", disse Genro a jornalistas em Brasília. "Estou com o orçamento totalmente disponível, são apenas movimentações técnicas para repassar mais recursos se o Rio de Janeiro precisar."

O mais grave incidente de violência na cidade nos últimos meses despertou preocupações internacionais quanto à realização dos Jogos Olímpicos de 2016, apenas duas semanas após o Rio ter vencido a concorrência de Chicago, Madri e Tóquio na eleição do Comitê Olímpico Internacional (COI).

Tarso afirmou que a violência no Rio, que também será umas das sedes da Copa do Mundo de 2014 no Brasil, é muito inferior ao ataque terrorista de 2005 em Londres, que matou mais de 50 pessoas dias após a escolha da cidade para ser a sede dos Jogos de 2012.

"O que aconteceu no Rio, embora tenha sido uma tragédia para todos nós, e uma violência inaceitável numa cidade civilizada, foi muito menos intenso, menos violento, do que aquele atentado terrorista que ocorreu em Londres", afirmou.

FORÇAS ARMADAS

Em visita ao Rio nesta terça-feira, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, afirmou que a onda de violência é um problema nacional e precisa de uma solução maior, incluindo um controle melhor nas fronteiras para impedir a entrada de armas.

Mendes defendeu também um melhor emprego das Forças Armadas e a criação de um fundo para financiar a segurança pública dos Estados.

"O Rio tem problema de uso de armamento pesado. Isso foi importado e passou pela fronteira. Isso é uma falta de controle que não é do Rio. Precisa haver articulação entre os órgãos de repressão", disse Mendes a jornalistas.

"De repente temos que discutir também em algum tópico o emprego das Forças Armadas na segurança pública. A discussão tem que ser articulada. Temos que discutir o emprego de todas as forças disponíveis", acrescentou.

Investigações da polícia apontam que a violência do fim de semana começou com o conflito entre facções criminosas rivais após uma tentativa de invasão do Morro dos Macacos. A invasão teria sido liderada por um ex-detento, que deixou a cadeia para cumprir regime semiaberto em 2002 e desde então está foragido.

Para o presidente do STF, a solução para o problema passa obrigatoriamente pela questão da reincidência criminal.

"Nenhum país conseguiu reduzir a criminalidade sem atacar essa questão. Nenhum programa sério de segurança pode deixar essa questão de fora... a reinserção social viabiliza uma drástica redução da criminalidade", avaliou Mendes.

"Precisa haver uma melhoria na avaliação do regime. Recentemente, decidimos que nos crimes hediondos a progressão passou de um sexto para metade da condenação."

(Reportagem adicional de Maria Carolina Marcello em Brasília)

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