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Em visita a Cuba, Lula se despede de Raúl e Fidel Castro

22 fev 2010 - 14h42
(atualizado em 23/2/2010 às 15h26)
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chega na terça-feira a Cuba para se despedir como governante de seu colega cubano, Raúl Castro, e do irmão e antecessor deste, Fidel Castro. A visita de Lula à ilha governada pelos Castro há 51 anos faz parte de uma viagem que começou nesse domingo no México, onde se encontrou com o presidente daquele país, Felipe Calderón, e inclui também no roteiro Haiti e El Salvador.

Lula cumprimenta Felipe Calderón durante a cerimônia de abertura do evento, em Cancún
Lula cumprimenta Felipe Calderón durante a cerimônia de abertura do evento, em Cancún
Foto: Ricardo Stuckert/PR / Divulgação

Raúl Castro e Lula estão nesta segunda-feira em Cancún para a cúpula do Grupo do Rio, na qual se analisa a criação de um novo organismo continental paralelo à Organização dos Estados Americanos (OEA) e sem Estados Unidos e Canadá.

Os encontros de Lula com os Castro estão marcados para quarta-feira. Na quinta-feira, o presidente viajará para o Haiti. Fontes do governo consideram a reunião entre Lula e Fidel como um "reencontro de velhos amigos". O ex-líder cubano não aparece em público desde que adoeceu em 2006 e cedeu o comando a seu irmão mais novo, Raúl, embora continue sendo o primeiro-secretário do governante Partido Comunista.

Durante sua conversa com Fidel Castro, "serão discutidos assuntos da realidade internacional", disse o porta-voz da Presidência, Marcelo Baumbach, sem dar mais detalhes.

Antes das reuniões, Lula visitará as obras de ampliação do porto de Mariel, próximo a Havana, para as quais o Brasil concedeu empréstimos de US$ 150 milhões e que podem ser ampliados para US$ 500 milhões.

Como nas outras três visitas oficiais de Lula a Cuba como presidente, foi descartada uma reunião com representantes da oposição interna cubana. Mesmo assim, 50 dissidentes presos ou com "licença extrapenal" por razões de saúde pediram ao presidente no domingo por meio de uma carta que interceda por sua liberdade quando conversar com os Castro.

Os signatários da carta são 42 opositores presos e oito que têm a "licença extrapenal", todos do grupo de 75 condenados em 2003 a penas de até 28 anos de prisão e acusados pelo governo cubano de serem "mercenários" dos Estados Unidos.

Segundo os signatários da carta, Lula pode ser "um magnífico interlocutor para conseguir fazer com que o Governo cubano decida iniciar as reformas econômicas, políticas e sociais urgentemente necessárias, avançar nos direitos humanos, conseguir a ansiada reconciliação nacional e tirar a nação da profunda crise em que se encontra".

Brasil e Cuba estreitaram as relações políticas e comerciais nos últimos anos. O governo brasileiro possui diversos programas de cooperação e financiamento para obras de infraestrutura na ilha.

Após o encontro com Fidel Castro, Lula assistirá ao encerramento de uma reunião do grupo de trabalho Brasil-Cuba, que discutirá assuntos econômicos e comerciais. Depois, se reunirá com Raúl Castro.

Além da despedida aos irmãos Castro como chefe de Estado, Lula aproveitará a visita para buscar mais equilíbrio no comércio bilateral, disse Baumbach. Lula assegurou que a Petrobras também pretende fazer investimentos para construir uma fábrica de óleo combustível em Havana e para estudos de prospecção na busca de petróleo em Cuba, e acrescentou que espera que tudo possa acontecer ainda em 2010.

O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, já está em Havana para conversar sobre esses e outros projetos. O comércio bilateral em 2009 girou US$ 330 milhões, com uma balança completamente favorável ao Brasil, que exportou US$ 223 milhões em produtos, segundo Baumbach.

O porta-voz ressaltou que, desde 2003, o Brasil aprovou cerca de US$ 1 bilhão em empréstimos para Cuba e espera que essa soma aumente em US$ 300 milhões até 2012.

EFE   
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