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Em posse de 1º juiz cego, Lula se diz deficiente intelectual

17 set 2009 - 22h01
(atualizado às 23h13)
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Roger Pereira

Direto de Curitiba

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou, na noite desta quinta-feira, da posse do primeiro magistrado cego do País, o desembargador Ricardo Tadeu Marques da Fonseca, no Tribunal Regional do Trabalho do Paraná (TRT-PR). Em um discurso sobre o preconceito, Lula afirmou que sofre de "deficiência intelectual", disse que o preconceito é uma doença e se classificou como vítima da discriminação.

Lula cumprimenta o desembargador Ricardo Tadeu Marques da Fonseca, no Tribunal Regional do Trabalho do Paraná
Lula cumprimenta o desembargador Ricardo Tadeu Marques da Fonseca, no Tribunal Regional do Trabalho do Paraná
Foto: Antonio Costa/Gazeta do Povo / Futura Press

Lula comparou sua trajetória à do novo desembargador, que foi recusado, há 10 anos, pela magistratura de São Paulo, por conta de sua deficiência. "Talvez minha deficiência, diferentemente da do Ricardo, seja deficiência intelectual. Mas também fui vítima de preconceito. Hoje não sou mais, porque sou presidente da República", afirmou.

Lula disse que o presidente americano, Barack Obama, também sofre discriminação. "Li nos jornais que o Obama recebe quatro vezes mais ameaças de morte que o Bush recebia. Por quê? Por puro preconceito, porque é negro". Mas disse que o Brasil está mudando este quadro. "Assim como hoje o Tribunal do Paraná dá exemplo, o Brasil também deu exemplo quando elegeu, pela primeira vez, um presidente e um vice sem diploma universitário", afirmou.

O presidente desembarcou no final da tarde em Curitiba e participou, no próprio aeroporto Afonso Pena, do lançamento de uma moeda comemorativa ao centenário do Coritiba Football Club. Em seguida foi à posse de Ricardo Tadeu Fonseca no TRT do Paraná.

Fonseca perdeu a visão quando cursava o terceiro ano de direito e foi reprovado no concurso para juiz de São Paulo, por causa da deficiência.Ex-procurador regional do Trabalho, foi indicado pelo Ministério Público para a vaga no Tribunal e escolhido por Lula em lista tríplice.

"Foi reprovado anteriormente porque entenderam que ele não poderia ler e nem identificar as expressões dos réus e testemunhas, mas esqueceram que ele compreende a variação vocal de um depoimento com muito mais facilidade que os que enxergam. Afinal, não é preciso ter a visão perfeita para se enxergar a verdade e a Justiça", disse Lula ao parabenizar o novo desembargador.

Fonte: Especial para Terra
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