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Discussão na COP-15 divide países em desenvolvimento

9 dez 2009 - 19h11
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As negociações da 15°Conferência das Nações Unidas sobre MudançasClimáticas (COP-15) foram suspensas hoje (9) por algumas horasa pedido da representação de Tuvalu que exige umacordo legal que seja mais restritivo do que o Protocolo de Quioto.As informações são da BBC Brasil.

Ainiciativa do pequeno país-ilha, um dos mais ameaçadospelo aumento do nível dos mares, levou a uma rara divisãono grupo G77 mais a China, que costuma negociar em bloco pelos paísesem desenvolvimento.

O negociador-chefe da ilha, Ian Fry,afirmou que o país não vai aceitar nada menos do que adiscussão de um novo protocolo legal mais rigoroso que o de Quioto.

"O meu primeiro-ministro e vários outros chefesde Estado têm a intenção clara de vir aCopenhague para assinar um acordo com validade legal", afirmou Fry."O nosso futuro depende desse encontro."

A iniciativa teveo apoio de outros integrantes da Associação dosPequenos Países-Ilha (Aosis, na sigla em inglês), queinclui as ilhas Cook, Barbados e Fiji, além de paísespobres da África, como Serra Leoa, o Senegal e CaboVerde.

Vários países do G77 apoiaram a propostade Tuvalu, que visa a limitar o aumento da temperatura a 1,5ºC,e estabilizar as concentrações de gases que provocam oefeito estufa em 350 partes por milhão (ppm), em vez de 450ppm, como querem os países industrializados e alguns emdesenvolvimento, entre eles, o Brasil.

Atualmente, aconcentração de gases de efeito estufa na atmosferagira em torno de 387 ppm.

Para os países emergentes, comoo Brasil, a China, Índia e a África do Sul, o limite de 350ppm não é bem aceito, porque pode se tornar umabarreira para o crescimento econômico.

Segundo MartinKaiser, diretor de políticas internacionais do Greenpeace, asuspensão, mesmo que por poucas horas, exigida por Tuvalu,mostra que a questão de o acordo a sair de Copenhague ter ounão valor legal é uma das mais importantes.

"Paraos países mais vulneráveis do mundo, é questãode sobrevivência. Só um acordo com valor legal pode dara estes países a confiança de que o seu futuro estágarantido", disse Kaiser.

O secretário-executivo daconferência, Yvo de Boer, minimizou a suspensão. "Sehouve uma suspensão, foi apenas para o almoço",disse.

Enquanto o bloco dos países em desenvolvimentoparece apresentar rachaduras, a histórica desconfiançaentre o grupo e os países industrializados não mostrasinais de redução.

Em entrevista coletiva daUnião Europeia, o negociador-chefe sueco, Anders Turesson,reclamou da ação da China, com apoio do G77, queestaria vetando a discussão de metas para os paísesdesenvolvidos no grupo que negocia um acordo pós-Quioto.

Oschineses defendem que as metas dos países ricos sejamestabelecidas pelo grupo que negocia a expansão do Protocolode Quioto, e não em um acordo separado.

O problema,para os europeus, é que os Estados Unidos nãoparticipam das discussões de Quioto, já que nuncaratificaram o tratado. "O processo está sendo usadoerroneamente. Estamos sendo impedidos de negociar", afirmouTuresson. O sueco deixou claro que a primeira opçãoda Europa é a criação de um únicoinstrumento legal que aborde todos os países.

Para oseuropeus, a discussão sobre o formato está impedindoque as "verdadeiras questões" sejam discutidas adaptação, mitigação e financiamento docombate às mudanças climáticas.

Agência Brasil Agência Brasil
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