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"Dilma é linda e amável", diz criador de dieta da presidente

O médico argentino Máximo Ravenna fez a presidente emagrecer 17 kg em menos de um ano

10 set 2015 - 07h41
(atualizado às 09h19)
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Dilma emagreceu 17 kg em menos de um ano com a dieta do argentino
Dilma emagreceu 17 kg em menos de um ano com a dieta do argentino
Foto: Wilson Dias / Agência Brasil

Em seu momento de popularidade mais baixa, a presidente Dilma Rousseff mantém ao menos um admirador fiel: o autor da dieta que a fez emagrecer 17 kg em menos de um ano, o médico argentino Máximo Ravenna. Em entrevista à BBC Brasil em sua clínica em Buenos Aires, o médico disse que Dilma "é linda, inteligente, culta, amável, nada pedante, nada arrogante".

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Dilma e Ravenna se conheceram no ano passado, pouco antes de ela assumir o segundo mandato. Ele contou detalhes do encontro que tiveram no Palácio da Alvorada, acompanhados por "dez ministros" que fizeram o seu mesmo tratamento para emagrecer, além de médicos da clínica Ravenna em Brasília e da presidente. Ravenna contou que ficou "emocionado" ao conhecê-la pessoalmente. "Foi uma relação fantástica e até fui um pouco (tiete) ao pedir uma foto com ela", disse, sorrindo.

"Eu disse, 'presidenta, não sei se a senhora conhecerá o Ravenna (de verdade), porque estou emocionado de estar aqui com a senhora'", contou. "Ela respondeu, 'não sei se poderei ser eu mesma porque estarei sendo vigiada pelo senhor neste jantar'."

Bacalhau sim, vinho não

O prato servido foi bacalhau, e Ravenna recusou o vinho porque costuma obedecer a mesma receita que recomenda a seus pacientes: baixa ingestão de calorias e nada de bebida alcoólica.

Segundo ele, os dois conversaram longamente sobre assuntos diversos. "Ao contrário do que pensam alguns brasileiros, a presidente Dilma é uma mulher muito preparada. Sabe muito de história, de China, de tudo. E éramos duas pessoas conversando apaixonadamente".

Ele disse que houve "muita química" entre os dois e que a respeita por sua trajetória. "Por mais que se equivoque ou não com a economia e etc, eu a vejo como uma pessoa coerente com sua própria história."

'Precisa estar atenta para não engordar'

Para Ravenna, a presidente deve estar sempre atenta para não voltar a engordar, seja por motivos de euforia ou de estresse - ante a grave crise econômica e política do País, as críticas à condução da economia, a dificuldade em unificar a base aliada e os protestos populares.

Os dois se falaram por telefone duas ou três vezes após aquele jantar de apresentação, e agora ela continua sendo atendida pela equipe de Ravenna em Brasília. "Ela está bem e eu disse que ela tem de manter entre 62 e 69 (quilos). Mas ela já demonstrou que tem tendência para engordar e precisa estar atenta, e longe das áreas de risco (de tentação pela comida) - saindo para ler um livro, para andar de bicicleta, como ela tem feito", disse.

De calça jeans, sapatos de couro marrom, paletó, colete e camisa branca, Ravenna é um homem magro - diz praticar atividades físicas com regularidade. É uma metralhadora na hora de falar sobre sua receita para emagrecer, sobre os que a criticam - por ser muito restrita em termos de calorias - e sobre as comidas e "condutas" que engordam.

Estilo polêmico

Maximo Ravenna
Maximo Ravenna
Foto: BBC News Brasil

Autor de cinco livros sobre suas dietas, ele afirma que em 23 anos, desde que inaugurou sua primeira clínica, 78 mil pacientes já passaram por suas sedes na Argentina, no Brasil, no Paraguai e na Espanha. E ninguém morreu de fome, disse. Na recepção de um dos dois edifícios da clínica, no bairro de Colegiales, um quadro com fotos de pacientes mostram "o antes e o depois" de quem obedeceu ao seu "sistema".

Para Ravenna, que é psicanalista e clínico geral, determinados alimentos, como o carboidrato, podem ser um "vício"; o açúcar e a farinha "provocam a mesma dependência que a cocaína" e as pessoas com compulsão pela comida devem ter um limite – "como se você tivesse um filho que começa a experimentar drogas e você tem que dizer chega". Ele mesmo conta que seus críticos acusam suas clínicas de serem "campos de concentração".

Nutricionistas brasileiros rejeitaram sua dieta - que restringe o consumo diário a entre 800 e mil calorias -, dizendo que ela pode provocar perda de massa muscular e de água. Ele responde dizendo que ela pode ser complementada com vitaminas e magnésio e garante que as pessoas não passam fome.

"Eu seria Josef Mengele (médico nazista do campo de Auschwitz) se fizesse isso (causasse danos à saúde dos pacientes) e estaria aqui respondendo a processos, o que não aconteceu; não dormiria e desistiria da medicina", diz. Para ele, "agressividade ao organismo" é receitar remédios para emagrecer, diuréticos ou cirurgia para redução do estômago.

Quanto a outro de seus clientes famosos, o ex-jogador de futebol Diego Maradona, que voltou a engordar, Ravenna afirma que "ele emagreceu 25 quilos quando era meu paciente, mas depois achou melhor fazer a redução do estômago. E se sentiu tranquilo, magrinho e comendo de tudo, voltou a engordar e o estômago cresceu de novo."

Durante as duas horas de entrevista, Ravenna admitiu que se inspirou em métodos de consumo de baixas calorias como Atkins e Howard, e chama seus críticos de ignorantes: "acho que nunca frequentaram congressos internacionais".

Ele também repetiu algumas se suas frases mais polêmicas: "Os fins de semana são uma fábrica de gordos"; "O pão é um assassino"; "Assim como as mulheres devem fazer check-up com o ginecologista, o gordo deve visitar permanentemente com o 'gordologista'".

Na parede atrás da sua cadeira destacam-se vários diplomas, incluindo cursos na Universidade Harvard.

Terapia de grupo

Ravenna defende o livre consumo de frutas, legumes, verduras, carne vermelha, peixes, mas de menos frango (que pode, segundo ele, ser mais gorduroso e menos saudável do que um bife por exemplo). Ele sugere quatro alimentações diárias em porções pequenas. E pede que seus pacientes frequentem diariamente uma espécie de terapia grupal para motivá-los a emagrecer e a não cair na tentação e voracidade da comida.

O médico orienta os grupos também nos fins de semana e algumas vezes por ano viaja com alguns deles. Comem no máximo 500 calorias diárias – 800 já são consideradas poucas pelos seus críticos.

Ele sugere que, além do estômago, é preciso lembrar da força da mente. Seu tratamento pode incluir meditação e técnicas de respiração e é baseado nos pilares clássicos de dieta – alimentação, atividade física e mente -, mas com "firmeza".

"Se uma pessoa que está fazendo o tratamento diz insistentemente no grupo, 'ah, não consigo parar de comer', eu digo que procure outra clínica que dê muita comida", diz. "Mas falo sério e também com afeto porque cada paciente é, sinceramente, uma pessoa que merece meu carinho, minha atenção."

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