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Costa diz que nunca falou sobre corrupção com Dilma

Ex-diretor de Abastecimento da Petrobras disse que só teria conversado sobre atrasos em obras da estatal

5 mai 2015 - 19h06
(atualizado às 19h08)
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Costa reafirmou que só se chega à diretoria da Petrobras por meio de indicação política
Costa reafirmou que só se chega à diretoria da Petrobras por meio de indicação política
Foto: Lúcio Bernardo Jr / Câmara dos Deputados

O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, um dos principais delatores e envolvidos no esquema de corrupção na estatal, disse nesta terça-feira (5) que alertou a então ministra-chefe da Casa Civil Dilma Rousseff sobre atrasos em obras da estatal, mas que não chegou a tratar de irregularidades na companhia.

"Nunca falei com ela sobre esse tema", afirmou Costa em depoimento à CPI da Petrobras, esclarecendo não ter tratado de corrupção com Dilma.

Em depoimento anterior a outra comissão parlamentar no Congresso, no ano passado, Costa havia afirmado que fez "alerta" sobre "problema".

Mas nesta terça-feira ele explicou que enviou o e-mail à Casa Civil porque estava preocupado com a “paralisação” da obra e buscava, enquanto diretor, evitar problemas de abastecimento.

Ele afirmou ainda que a aprovação de contratos compete à Diretoria Executiva da Petrobras, e não ao Conselho de Administração, que foi integrado por Dilma.

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Segundo Costa, a diretoria da estatal aprovou projetos incompletos porque o país importava gasolina e diesel em quantidades excessivas.

"Eu, como diretor de Abastecimento, não estava preocupado com desvio de dinheiro, estava preocupado se houvesse a paralisação da obra, nós teríamos problemas sérios de abastecimento."

Uma das obras que mais sofreu atrasos e está no centro das investigações de corrupção envolvendo a estatal é a Refinaria do Nordeste (Rnest), em Pernambuco, também conhecida como Abreu e Lima, que custou 4,2 bilhões de dólares a mais do que deveria, concluiu no final do ano passado a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI).

Crítica ao congelamento de preços de combustíveis

Ainda em depoimento na Câmara dos Deputados, Costa culpou a política de congelamento de preços de combustíveis por quebrar a Petrobras. Segundo o ex-diretor de abastecimento, perto dessa medida, o esquema de propina da Lava Jato representa “10%” da perda que a estatal teve com o controle de preços.

“O maior problema da Petrobras, que continua arrebentando a empresa, são os preços que o governo segurou. O governo congelou os preços e arrebentou a empresa. É a defasagem do preço dos derivados. A Lava Jato, com desvio de R$ 6 bilhões, é 10% do rombo da Petrobras”,

Confrontado por parlamentares, Costa voltou a se dizer arrependido por ter participado do esquema de corrupção e que está pagando o preço “com muito sofrimento”, mas disse que a Petrobras é a empresa mais devedora do mundo por não ter feito caixa na venda de seus produtos, o que a obrigou a pedir empréstimos no mercado.

“O grande problema é que a Petrobras não gerou caixa para fazer grandes investimentos. Eu pessoalmente levei, de quatro a cinco vezes para o Conselho de Administração, propostas para aumento gradual, ajustes parcelados de derivados. Eu levei isso pro conselho em 2010, 2011 e 2012, mas o presidente do conselho (à época, o ministro da Fazenda) Guido Mantega recusou”.

Petrobras: deputados da CPI se reúnem com direção da estatal:

"Maus políticos"

O ex-diretor também disse em depoimento à CPI que "maus políticos" envolveram a companhia em escândalos.

"Nada disso teria acontecido se não fossem alguns maus políticos que levaram a Petrobras a fazer o que fez", afirmou Costa.

Segundo ele, políticos do PP, PMDB e do PT "são responsáveis por esquema de corrupção na Petrobras".

Mas ele confirmou ainda que houve o pagamento de propina ao PSDB, ao então senador Sérgio Guerra, já falecido, que teve como objetivo esvaziar uma CPI para investigar a estatal em 2009.

O ex-diretor relatou também um "pedido" de doação à campanha de Eduardo Campos (PSB) , também já falecido, ao governo de Pernambuco.

Costa citou à CPI o envolvimento de Renan Calheiros (PMDB), Romero Jucá (PMDB), Lindberg Farias (PT) e Humberto Costa (PT) em “situações irregulares” referentes à petroleira. Esses políticos e outros estão entre os investigados pelo Ministério Público Federal, com autorização do Supremo Tribunal Federal.

Costa afirmou ainda ter ouvido de empresários que “vários” repasses de recursos a partidos políticos vinham de esquema de propina e que faziam as doações com intuito de depois “recuperar” o investimento. Ele também voltou a afirmar que só se chega a ser diretor na Petrobras por indicação política, e que isso ocorria desde 1985.

Com informações da Agência Brasil

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