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Dilma defende que Celac inclua comércio em sua pauta

28 jan 2015 - 23h14
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João Fellet

Dilma Rousseff na Celac em San Jose, Costa Rica | Foto: AFP
Dilma Rousseff na Celac em San Jose, Costa Rica | Foto: AFP
Foto: BBC Mundo / Copyright

Enviado especial da BBC Brasil a San Jose (Costa Rica)

Bloco dá ênfase a questões políticas mas Brasil quer levar discussão econômica a cúpula

A presidente Dilma Rousseff propôs nesta quarta-feira em San José, capital da Costa Rica, que a Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac) amplie suas atribuições e busque incrementar o comércio entre seus países membros para defender a região de turbulências econômicas externas.

Em discurso diante dos outros chefes de Estado do bloco, Dilma defendeu criar um fórum de empresários da Celac, com a presença de governos e empresas da região.

"Seu objetivo será desenvolver o comércio, aproveitando as oportunidades diversificadas que nossas economias oferecem, e estimular a integração produtiva no espaço Celac, promovendo nossas relações com o mundo", afirmou.

Dilma disse que a proposta busca enfrentar "uma conjuntura econômica mundial complexa", que atribuiu à "lenta recuperação da economia americana" e à estagnação na Europa e no Japão, além da desaceleração do crescimento na China.

"Diante desse quadro, torna-se urgente nossa cooperação, priorizando o comércio intrarregional e ao mesmo tempo estimulando o desenvolvimento e a integração de nossas cadeias produtivas."

A presidente afirmou ainda que "os países da Celac devem unir-se para enfrentar os problemas da economia mundial e retomar o crescimento robusto".

Desde sua fundação, há três anos, a Celac é um fórum voltado principalmente a temas políticos e, diferentemente de outros blocos regionais, como o Mercosul e a Aliança do Pacífico, dá pouca ênfase a questões econômicas e comerciais.

O bloco já vem, no entanto, expandindo sua atuação para outros temas e regiões. No início do mês, os chanceleres de seus países membros participaram pela primeira vez do fórum Celac-China, em Pequim.

A parceria busca atrair mais investimentos chineses para a região e definir diretrizes para as relações da China com os países da Celac.

Ao negociar com latino-americanos e caribenhos, a China traz como bagagem sua grande expansão recente na África, onde na última década difundiu com sucesso um modelo pelo qual financia e executa obras de infraestrutura em troca de matérias-primas.

A Celac em breve também fará sua primeira reunião com a União Europeia, em junho. Segundo Dilma, no encontro serão debatidas "oportunidades de investimento e de comércio".

A proposta de Dilma sobre o fórum de empresários da Celac se alinha com sua defesa por uma "diplomacia de resultados", que priorize ganhos econômicos. A visão norteia outras iniciativas externas de seu governo, entre as quais os planos anunciados de usar a Agência Brasileira de Cooperação para estimular a exportação de produtos brasileiros.

Transcendência histórica

Dilma afirmou que embargo dos Estados Unidos a Cuba deve "ser superado" após anúncio de reaproximação dos países

Em seu discurso, Dilma também tratou do anúncio da normalização das relações diplomáticas entre Cuba e Estados Unidos, ocorrido em dezembro e que ela chamou de "um fato de transcendência histórica".

Segundo ela, com o anúncio, "começa a se retirar de cena o último resquício de Guerra Fria em nossa região".

"Os dois chefes de Estado (Barack Obama e Raúl Castro) merecem nosso reconhecimento pela decisão que tomaram – benéfica para cubanos e norte-americanos, mas, sobretudo, para todo o continente."

A presidente ponderou, no entanto, que o embargo econômico, financeiro e comercial dos Estados Unidos a Cuba continua em vigor.

"Essa medida coercitiva, sem amparo no direito internacional, que afeta o bem-estar do povo cubano e prejudica o desenvolvimento do país, deve também ser superada."

Dilma afirmou que o financiamento do Brasil à reforma do porto de Mariel, em Cuba, simboliza o compromisso do país com "uma integração abrangente" no hemisfério.

A obra, financiada pelo Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), foi executada pela empreiteira brasileira Odebrecht.

Dilma permanece em San José até esta quinta-feira, quando participará de uma reunião fechada com os demais membros da Celac.

Há a previsão de que ela aproveite o evento para se encontrar em privado com os presidentes do Panamá, Juan Carlos Vilela, e da Colômbia, Juan Manuel Santos.

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